31 de dezembro de 2011

A SAGA CREPÚSCULO: ECLIPSE (2010)


Direção: David Slade
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner


Eclipse traz de volta a indecisa Bella Swan (Stewart), o depressivo Edward Cullen (Pattinson) e o musculoso Jacob Black (Lautner) para aquele que prometia ser o capítulo mais negro e melancólico da saga. A própria escolha de David Slade – de filmes como Menina Má.com (2005) e 30 Dias de Noite (2007) – para a cadeira de diretor acabava refletindo essa aposta de abordagem mais negra, mais sombria. O grande problema é que nada disto se confirmou no final da película. Ao contrário do que se esperava, este terceiro filme da saga acaba sendo o menos negro e o que menos conteúdo apresenta na sua pobre e eclipsada narrativa. De fato, talvez por causa de um roteiro fraco, a talentosa mão de David Slade não se faz sentir em nenhum momento da película.


É nesta terceira parte que o triângulo amoroso constituído por Bella, Edward e Jacob atinge o seu auge. Mais do que nunca, Bella confronta-se com os seus próprios sentimentos e não sabe qual dos rapazes escolher para uma vida mais segura e sustentada. A sua paixão por Edward é mais intensa. Mas Jacob é muito mais do que um simples amigo de infância e o seu amor acarretaria sacrifícios muito menores por parte dela. Começando a perceber estas inseguranças na sua amada, Edward torna-se mais ciumento e deseja apenas ver Jacob pelas costas. E para dificultar ainda mais a vida de Bella, Jacob revela-lhe os seus mais profundos sentimentos e diz que nunca irá desistir de batalhar pelo amor da jovem. Enquanto esta batalha sentimental decorre entre estas três personagens, outra batalha fermenta-se no horizonte: ainda magoada pela morte do seu companheiro às mãos de Edward, Victoria (Bryce Dallas Howard) encontra em Riley (Xavier Samuel) o líder ideal para formar um feroz exército de vampiros sedentos por sangue. A vida de Bella continua, desta forma, ameaçada. Victoria, Riley e o seu cruel exército de vampiros não descansarão enquanto a jovem humana não estiver morta. E como tal, no sentido de proteger Bella, Edward e Jacob terão de esquecer a sua rivalidade e unir esforços para uma batalha que se augura brutal e sangrenta. E tudo isto enquanto Bella decide se deve ou não tornar-se vampira. Pois os Volturi estão à espreita e não tolerarão uma relação amorosa entre vampiro e humana…


Como facilmente se percebe, Eclipse não oferece nada de verdadeiramente novo ao espectador. É como se este novo capítulo fosse uma simples extensão das problemáticas já retratadas e abordadas em Lua Nova (2009). Bella continua indecisa entre uma eterna vida vampírica ao lado do romântico Edward Cullen, ou uma vida mais “normal” em redor do forte e impetuoso lobisomem Jacob Black. Victoria continua também à procura de executar a sua vingança (aparentemente, já há dois ou três anos que não faz mais nada senão saltar de galho em galho na floresta em busca dessa oportunidade…). Ou seja, esta terceira parte não traz nada de refrescante ou original, limitando-se a aprofundar as tramas que já provêm dos filmes anteriores. Talvez a única novidade se prenda com a temporária aliança entre vampiros e lobisomens. Muito pouco, contudo, para um filme que pretendia marcar uma geração e entrar para a História da Sétima Arte.


Além desta tremenda falta de criatividade na narrativa, Eclipse é também aquele que, em termos puramente cinematográficos, se revela mais medíocre. Nunca chega a haver um verdadeiro estado de cumplicidade entre o espectador e aquilo que eles está assistindo. A narrativa desenvolve-se demasiadamente rápida, sem qualquer espaço para uma sempre necessária profundidade dramática. Os atores parecem estar sempre em piloto automático e raramente conseguem fazer com que as suas personagens surpreendam o espectador com algo de novo e inesperado. Como já referi, o roteiro demonstra fraquezas. Porém, um bom diretor tem a obrigação de tirar algo de positivo do fundo do mais lamacento e obscurecido poço. E David Slade falhou redondamente. O pulso com que filmou o fabuloso Menina Má.com e o interessante 30 Dias de Noite não está aqui presente. E isso se reflete no resultado final. Acima de tudo, a direção de Slade (neste filme) não demonstra qualquer paixão pelo cinema. Tudo é filmado de forma insossa, dando a sensação de que este projeto lhe foi encomendado às pressas. Eclipse se beneficiaria com um período de produção mais cuidadoso e extenso. A fome dos produtores pelos recordes de bilheteira está obrigando toda a equipe de produção a trabalhar a uma velocidade sobre-humana, o que prejudica indelevelmente a qualidade de toda a saga. Estou convicto de que, apesar de a matéria-prima não ser propriamente brilhante, não fosse a loucura de lançar os filmes com apenas com alguns meses de intervalo, a saga Crepúsculo poderia obter resultados muito mais gratificantes.










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19 de dezembro de 2011

MEIA-NOITE EM PARIS (2011)


Diretor: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Michael Sheen, Marion Cotillard

Detentor de uma forma muito peculiar de contar histórias e, por conseguinte, inventor do seu próprio estilo de cinema, Woody Allen provoca sensação de obrigatoriedade, na grande maioria dos cinéfilos, em ir assistir seus filmes. Se à primeira vista se estranham os filmes de Allen, logo começamos a devorá-los sofregamente, como se a nossa vida dependesse disso. Meia-Noite em Paris não é uma exceção à regra. Há quem diga que este filme marca o regresso do genial cineasta aos seus tempos de maior glória. Em minha opinião, esta é uma obra repleta de magia e romantismo, com algumas tiradas cômicas bem típicas de Allen, mas ainda assim é órfã daquela sombra trágica e espírito crítico que sempre estão presentes na sua cinematografia. Ficamos com a nítida sensação de que acabamos de assistir a algo fantástico, algo culturalmente relevante e repleto de uma beleza clássica. Mas saímos também com a sensação de que passamos por algo demasiadamente leve e inocente. E se tal coisa cativa a atenção dos que mais apreciam o lado romântico do diretor nova-iorquino, por outro lado decepciona aqueles que deliram com a sua visão do mundo infinitamente trágica e neurótica.


Gil Pender (Owen Wilson) é um roteirista norte-americano que vai para Paris com a sua noiva Inez (Rachel McAdams), para passar alguns dias de relaxamento e diversão. Num jantar com os irritantes pais de Inez, o casal se encontra com Paul (Michael Sheen) – um pedante, que passa todo filme exibindo sua erudição – e Carol (Nina Arianda) – a esposa deste último. Uma noite, recusando mais um convite para sair com o casal, Gil decide caminhar por Paris à noite e, em virtude de não conhecer a cidade e de estar embriagado, perde-se pelas vielas de Montmartre. Eis que se depara com um táxi velho e os ocupantes do veículo obrigam Gil a juntar-se a eles em uma festa que o remete à capital francesa dos anos 20, conhecendo lugares de uma Paris mágica perdida no tempo, e conhecendo figuras de um imaginário fascinante e ilustres da cultura mundial como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, Salvador Dalí, entre muitos outros. Será a partir dessa convivência que terá a chance de descobrir não apenas a si mesmo, mas de enxergar sua vida com uma nova e reveladora perspectiva. Sem saber bem como explicar o que lhe está acontecendo, Gil aproveita o contato com a crème de la crème para conhecer novas paixões e descobrir seus sonhos ocultos.


Como facilmente se percebe pela sinopse apresentada, Meia-Noite em Paris é um filme que transpira cultura por todos os lados. São inúmeras as figuras das artes internacionais (desde a escrita à pintura) que fazem aqui uma aparição. Woody Allen levou à letra a ideia de que Paris é a capital das artes e da cultura em geral, presenteando-nos com uma viagem intelectual que tanto nos ensina como nos obriga a dar boas risadas (a obsessão de Dalí por rinocerontes é, a meu ver, a melhor cena do filme). A nível puramente estético e até musical, Meia-Noite em Paris transforma-se, portanto numa obra de altíssimo calibre, tão encantadora como memorável. Allen continua dirigindo atores com uma maestria ao alcance de muito poucos, deixando as personagens fluir pela narrativa com uma naturalidade estonteante, narrativa essa que (uma vez mais) põe a nu os dotes de escrita do grande cineasta nova-iorquino.


Depois de uma fase mais negra e dramática com obras como Ponto Final (2005) e O Sonho de Cassandra (2007) (curiosamente, ambas rodadas em Londres), Woody Allen parece ter visto em Paris o portal para regressar a contos mais leves e românticos. Infelizmente, isto faz com que Meia-Noite em Paris não tenha tanta substância (crítica e narrativa) como outras obras recentes do diretor, ainda que não faltem as reflexões sobre a vida e as tiradas críticas tão ao seu jeito. Uma obra para apaixonados, não tanto para inconformistas. E eu, como um amante da Cidade Luz, não posso deixar de destacar a fotografia deste filme, com uma abertura que apresenta os principais cenários da cidade, além das diversas tomadas pelas ruas de Montmartre e do Museu Rodin, cenas simplement formidable que devem resultar em indicações aos Óscares de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e, quem sabe, de Melhor Figurino, também.








TAGS Comédia Fantasia Romance filme movie Woody Allen Owen Wilson Gil Rachel McAdams Inez Kurt FullerJohn Mimi Kennedy Helen Michael Sheen Paul Nina Arianda Carol  Carla Bruni Museum Guide  Yves Heck Cole Porter Alison Pill Zelda Fitzgerald Corey Stoll Ernest Hemingway Tom Hiddleston F. Scott Fitzgerald Sonia Rolland Joséphine Baker Daniel Lundh Juan Belmonte Laurent Spielvogel Antiques Dealer Thérèse Bourou-Rubinsztein Alice B. Toklas Kathy Bates Gertrude Stein Marcial Di Fonzo Bo Pablo Picasso Marion Cotillard Adriana Léa Seydoux Gabrielle Emmanuelle Uzan Djuna Barnes Adrien Brody Salvador Dalí Tom Cordier Man Ray Adrien de Van Luis Buñuel Letty Aronson  produtor  Raphaël Benoliel  co-produtor  Javier Méndez  produtor executivo  Helen Robin  Jack Rollins  Jaume Roures Stephen Tenenbaum Midnight in Paris Minuit à Paris Medianoche en París Hatzot be'Paris Mesanyhta sto Parisi Paris'te Gece Yarisi Ponoc u Parizu Pulnoc v Parízi Shuaghame parizshi Vidurnaktis Paryziuje

6 de dezembro de 2011

ENCONTROS MACABROS (2011)



Direção: Colin e Stuart Vicious
Elenco: Sean Rogerson, Juan Riedinger, Ashleigh Gryzko, Mackenzie Gray

O trailer do filme Encontros Macabros me gerou enorme expectativa para assisti-lo, porém todo mundo sabe que quanto maior a expectativa, maior a possível decepção. As cenas apresentadas no trailer são verdadeiros spoilers das tomadas mais assustadoras. Encontros Macabros é uma espécie de mockumentary (documentário falso), que segue a linha de A Bruxa de Blair (1999) e Atividade Paranormal (2007), e relata o cotidiano de uma equipe que produz um reality show sobre espíritos, fantasmas e acontecimentos paranormais. O programa, que leva o mesmo nome do filme, vai ter seu sexto episódio gravado dentro do Sanatório Collingwood Psychiatric Hospital, onde fenômenos inexplicáveis são reportados há anos. O sanatório vai servir como pano de fundo para este filme.

Como os demais filmes do gênero, Encontros Macabros inicia com uma explicação do que iremos ver em seguida e de como as imagens foram feitas. Após, temos alguns momentos cômicos do filme, onde somos apresentados aos personagens, com destaque para o Dr. Houston (Gray), que finge ser um médium e não economiza em poses e caretas para mostrar que sente as energias do hospital, e para o apresentador canastrão e líder do grupo, Lance Preston (Rogerson), que chega a subornar o jardineiro do sanatório pra mentir dizendo que viu espíritos.
Para realizar a gravação do sexto episódio do programa, eles resolvem passar a noite no local e pedem ao zelador que acorrente a porta por fora e só venha abrir pela manhã, e é ai que o filme realmente começa. Depois da instalação das câmeras pelos quatro andares do sanatório, a equipe parte em busca de registros de atividades paranormais (sic!) e acabam passando, junto com os espectadores, por inúmeros sobressaltos e situações aterrorizantes. Contar mais que isso, seria narrar todo o filme.



Concluo com a certeza de que, para o baixo orçamento empregado, o canadense Encontros Macabros, atende seu propósito, mesmo que as minhas expectativas, em particular, não tenham sido totalmente alcançadas. Mesmo com esse sentimento, arrisco dizer que este é o melhor dos filmes do gênero terror de 2011.





TRAILER:



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3 de dezembro de 2011

CAÇA ÀS BRUXAS (2011)


Direção: Dominic Sena
Elenco: Nicolas Cage, Ron Perlman, Stephen Campbell

Uma das indicações de “Pior Filme de 2011” pertence claramente à Caça às Bruxas, um filme fraco que confirma o mau momento de Nicolas Cage, um ator outrora afamado que atualmente entra em qualquer filme que lhe aparece pela frente. A história de Caça às Bruxas é ambientada na Inglaterra do Século XIV e é centrada em Behmen (Nicolas Cage) e Felson (Ron Perlman), dois cavaleiros desertores que podem ser executados caso não acatem as ordens do Cardeal D'Ambroise (Christopher Lee), um homem moribundo que lhes pede para escoltarem uma mulher acusada de bruxaria até um mosteiro isolado onde ela será purificada num ritual que poderá livrar o mundo da Peste.


O nível narrativo de Caça às Bruxas é muito fraco, não existindo, no meu entender, nenhum elemento que se distancie da mediocridade ou do amadorismo, no entanto, acredito que seria irrealista pedir a Bragi F. Schut (roteirista) um enredo cativante ou interessante, mas também acredito que não seria nada irrealista pedir um enredo que nos oferecesse, no mínimo, um razoável entretenimento, mas, infelizmente, tal coisa não se verifica. Nos seus pouco mais de noventa minutos, Caça às Bruxas fala das cruzadas, da peste, de bruxaria, de possessão demoníaca, e ainda de toda a jornada no transporte da suposta bruxa, inúmeros assuntos para serem tratados em um única obra.


Caça às Bruxas é também um filme extremamente enfadonho que mais se assemelha a um road movie medieval do que a um filme de ação. O seu nível técnico também não é melhor, muito pelo contrário, arrisco mesmo a dizer que tecnicamente Caça às Bruxas é uma verdadeira nulidade porque além de sermos confrontados com efeitos visuais fracos, somos também presenteados com várias batalhas pouco convincentes e confusas que foram mal editadas/dirigidas por Dominic Sena, um cineasta que muito recentemente realizou Terror na Antártida (2009), outro filme detestável e descartável. O elenco de Caça às Bruxas é liderado, sem brilho ou carisma, por Ron Perlman e Nicolas Cage, este último volta a nos oferecer um desempenho vazio que reconfirma o seu contínuo mau momento. Stephen Graham, Robert Sheehan e Christopher Lee também nos oferecem performances secundárias muito pouco memoráveis. Caça às Bruxas é, em suma, um filme fraco a todos os níveis que foi trucidado pela crítica mundial e que acabou sendo um fracasso comercial.








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13 de novembro de 2011

TRAMA INTERNACIONAL (2009)


Diretor: Tom Tykwer
Elenco: Clive Owen, Naomi Watts, Ulrich Thomsen, Armin Mueller-Stahl

Este filme acompanha a luta internacional de Louis Salinger (Clive Owen) e Eleanor Whitman (Naomi Watts) contra o lobby associado a um banco que enriquece através do financiamento do tráfico de armas para diversos conflitos armados. Tom Tykwer deseja com esta obra mostrar a luta do indivíduo contra as grandes corporações que controlam os jogos econômicos e políticos a nível internacional e sublinhar que, apesar da inferioridade de um só homem perante organizações deste calibre, a sua atitude pode fazer toda a diferença. Considero, contudo, que este objetivo exigia uma densidade psicológica das personagens e dos diálogos entre elas que está longe de ser conseguida. A bem da verdade o filme centra-se essencialmente em perseguições, lutas e tiroteios à boa maneira americana. Por outro lado, os jogos políticos e econômicos ganham contornos bastante complexos para serem facilmente assimiláveis pelo espectador de um filme que à partida não exige grande reflexão.


Clive Owen está melhor na vertente física e exterior da sua personagem do que propriamente na vertente mais interior e sentimental. O agente Louis Salinger é um homem contra um sistema corrompido, um homem inconformado que põe em risco a sua própria carreira para fazer valer os seus valores. Naomi Watts constrói uma personagem credível, mas cujo papel, ainda que tenha algum protagonismo, consiste essencialmente no suporte da personagem interpretada por Owen. Trama Internacional é um razoável thriller político que nos proporciona um bom entretenimento e paisagens interessantes.


Da mensagem do filme fica a frustração de pessoas movidas por ideais ao perceberem a inevitabilidade de sucumbir a um destino que está fora de seu controle, como acontece com um dos antagonistas do herói do filme vivido pelo competente Armin Mueller-Stahl. Seu personagem, o General Wilhelm Wexler,  em um dos diálogos do filme fala a seguinte frase, que pode ser uma grande síncope da mensagem que o diretor Tom Tykwer  tenta passar com este filme: “às vezes um homem pode encontrar seu destino na estrada que ele escolheu tentando evitá-lo”.


Para tanto, o diretor faz uso de simbologias interessantes em toda narrativa. Descidas ao subterrâneo, subidas para pontos mais altos onde há um pouco mais de justiça, reflexos e imagens dentro de um museu em Nova York. Tudo evidenciando que, para assistir Trama Internacional, além de estar preparado para uma paulada emocional por toda tensão que ele consegue passar (sem canalhices meticulosamente montadas), precisa-se de um olhar demorado e atento para usufruir das suas entrelinhas.










TAGS The International Ação Crime Mistério Suspense filme movie Clive Owen Louis Salinger Naomi Watts Eleanor Whitman Armin Mueller-Stahl Wilhelm Wexler Ulrich Thomsen Jonas Skarssen Brían F. O'Byrne The Consultant Michel Voletti Viktor Haas Patrick Baladi Martin White

10 de novembro de 2011

MACGRUBER - CORRAM QUE O AGENTE VOLTOU (2010)


Direção: Jorma Taccone
Elenco: Will Forte, Kristen Wiig, Val Kilmer, Andy Mackenzie

Saturday Night Live (SNL) é inegavelmente um dos programas mais antigos e mais conhecidos do panorama televisivo norte-americano porque ao longo dos anos tem conseguido entreter o exigente público americano com inúmeros esquetes de qualidade que foram criados e protagonizados por algumas das maiores estrelas humorísticas da atualidade, como por exemplo, Will Ferrell, Tina Fey, Seth Meyers, Tracy Morgan, Mike Myers, Eddie Murphy, Bill Murray, Chris Rock, Adam Sandler, Rob Schneider ou Ben Stiller. Os esquetes mais famosos deste programa televisivo foram adaptados à grande tela, mas a esmagadora maioria dessas obras acabou se revelando um verdadeiro fracasso, Os Irmãos Cara de Pau (1980) e Quanto Mais Idiota Melhor (1992) são exceções à regra porque conseguiram arrancar algumas críticas positivas e arrecadar lucros significantes nas bilheteiras.


O mais recente esquete humorístico do Saturday Night Live a receber uma adaptação cinematográfica é MacGruber, um produto que até parodia com alguma qualidade as maiores séries de ação dos anos oitenta e noventa como Esquadrão Classe A ou MacGyver e os maiores sucessos cinematográficos das mesmas décadas e do mesmo gênero como Duro de Matar (1988) ou Rambo (1982). O grande protagonista desta história é MacGruber (Will Forte), um soldado condecorado e um verdadeiro herói norte-americano que se reformou após a trágica morte da sua noiva, no entanto, esta sua reforma é subitamente revogada pelo Governo dos Estados Unidos da América que lhe pede para travar os diabólicos planos do seu maior inimigo, Dieter von Cunth (Val Kilmer), que pretende utilizar uma nova e mortífera arma nuclear para destruir Washington D.C, uma pretensão que será contrariada por McGruber que está decidido a derrotar Dieter von Cunth e a salvar a sua pátria.

Os criadores de MacGruber, Jorma Taccone e Will Forte, criaram uma paródia muito diferente do recente Os Vampiros que se Mordam (2010) ou do clássico Todo Mundo em Pânico (2000) porque ao contrário destas produções extremamente medíocres, MacGruber utiliza os clichês das séries e dos filmes de ação das décadas de oitenta e noventa para criar uma história exagerada mas relativamente divertida que consegue captar a essência extravagante e irrealista desses produtos, assim sendo, não estamos perante uma paródia que se limita a recria sequências praticamente idênticas às das obras que ataca. O herói e o vilão desta história, MacGruber e Dieter von Cunth, são respectivamente uma mistura entre MacGyver e Rambo e entre Hans Gruber (Duro de Matar) e Coronel Decker (Esquadrão Classe A), ou seja, são duas personagens fortemente estereotipada que nos apresentam os principais clichês dos protagonistas (heróis e vilões) dos filmes e das séries de ação das últimas décadas. Os clichês não estão apenas presentes na construção das personagens porque também a própria narrativa está cheia de referências cinematográficas, umas sutis outras mais evidentes, que nos mostram como alguns dos maiores sucessos comerciais das últimas décadas são exagerados e relativamente ridículos. MacGruber é largamente dominado por sequências humorísticas, mas também é composto por algumas sequências de ação que, sem serem visualmente deslumbrantes ou tecnicamente exemplares, conseguem ilustrar a vertente mais dura e fantástica dos filmes de ação, uma vertente que é constantemente atacada pelo seu irrealismo e exagero.


O elenco é constituído por vários atores desconhecidos do público brasileiro como Will Forte ou Kristen Wiig, dois comediantes que interpretam respectivamente MacGruber e Vicki St. Elmo e que transitaram do esquete humorístico que esteve na base deste filme. As performances de Will e de Kristen são relativamente positivas mas não são excelente, no entanto, tendo em conta o gênero cinematográfico em questão não se poderia pedir muito mais destes atores e do restante do elenco, que tem em Val Kilmer a sua figura mais conhecida. MacGruber é um filme medíocre que, apesar de todas as suas falhas e irregularidade, consegue ser largamente superior aos mais recentes trabalhos norte-americanos deste gênero porque ao contrário dessas obras, MacGruber consegue oferecer ao espectador alguns momentos humorísticos de alguma qualidade.











Ação Comédia MacGruber Will Forte MacGruber Kristen Wiig Vicki St. Elmo  Ryan Phillippe Lt. Dixon Piper Val Kilmer Dieter Von Cunth  Powers Boothe Col. James Faith Maya Rudolph Casey  Rhys Coiro Yerik Novikov  Andy Mackenzie Hoss Bender  Jasper Cole Zeke Pleshette filme movie

7 de novembro de 2011

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PT. 2 (2011)



Direção: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Alan Rickman

2001 foi o ano que marcou a estreia de Harry Potter no mundo do cinema. 2011 é o ano que marca o seu encerramento. A tarefa era hercúlea. Terminar uma das mais bem-sucedidas sagas da História da Sétima Arte, com a dignidade e o valor que se exigia. Foi a David Yates que coube a responsabilidade de filmar o clímax explosivo das aventuras do “rapaz que sobreviveu”. E a verdade é que o diretor britânico não acusou a pressão, oferecendo ao espectador aquilo que ele mais esperava ver espelhado na grande tela: uma espantosa batalha final entre Potter e o seu arquiinimigo Lord Voldemort. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 está longe de ser perfeito, diga-se de passagem. A narrativa é engolida pela batalha demasiadamente rápida e algumas cenas (especialmente as que marcam duelos entre personagens inimigas) não apresentam a carga emocional que seria desejável obter. Mas ainda assim, o filme de encerramento das aventuras de Potter cumpre aquilo que se exigia, despedindo-se destas personagens mágicas com todo o carinho e louvável solenidade.


Restam quatro Horcruxes (resquícios da alma de Voldemort) para Harry Potter (Daniel Radcliffe) encontrar e eliminar. Após se apoderarem do primeiro num assalto ao banco de Gringotts, Potter e os sempre fiéis Ron (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) dirigem-se para a escola de Hogwarts, pois chegam à conclusão de que é lá que se escondem os restantes três artefatos malignos. Mas Hogwarts não é mais aquele espaço mágico e encantado de outros tempos. Sob o comando do professor Severus Snape (fantástico Alan Rickman), a escola de magia e feitiçaria está transformada numa espécie de instituto militar, onde tudo é controlado ao rigor e com punho de aço. Razão pela qual o trio de heróis se depara com algumas dificuldades para levar a cabo a sua tarefa. Porém, com a ajuda dos membros da Ordem da Fênix, Potter e os amigos depressa reconquistam o controle da escola. Mas os festejos não duram muito tempo. Pois, dado o sinal de alarme, Lord Voldemort (Ralph Fiennes) aglomera as suas tropas à entrada de Hogwarts e exige que Potter se entregue de livre vontade, sob pena de invadir a escola e destruir tudo o que lhe aparecer à frente.


Assim se resume o fio principal da narrativa desta segunda parte. Uma parte que, tal como prometido, se foca quase exclusivamente na grande batalha final entre forças inimigas. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 (2010) distinguiu-se pelo seu lado mais recatado e melancólico, eliminando com eficácia toda a parte mais “teórica” e descritiva da história. E isso permitiu que este Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 fosse quase exclusivamente para a ação. De fato, este último capítulo cinematográfico da obra de J. K. Rowling acabou por ser diferente de todos os outros, a todos os níveis. Se a primeira parte se afirmara como uma espécie de road movie com feitiços, esta segunda parte marca a sua posição como filme de guerra puro e duro. Perante isto, é fácil compreender que estamos perante um filme que prima sobretudo pelos aspectos mais técnicos. O campo visual sempre foi um dos maiores trunfos destas películas. Mas esse mesmo lado visual nunca foi tão evidentemente avassalador como neste último capítulo. A fotografia de Eduardo Serra é maravilhosa, o design de produção de Stuart Craig é simplesmente assombroso, os efeitos visuais são do melhor que pode haver e a trilha-sonora de Alexandre Desplat se destaca um pouco mais do que no filme anterior, enchendo-nos a alma de emoção.


Mas se pensam que esta derradeira aventura de Potter é um simples festival de explosões, pensem de novo. Apesar de claramente focado para uma grande batalha final, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 não deixa de prestar atenção às suas personagens, continuando a ter um coração enorme e, acima de tudo, um grande respeito para com essas mesmas personagens. E é isso que acaba por distanciá-lo de outros blockbusters do gênero. Apesar de não terem tanto espaço para brilhar, as personagens (e os atores que as interpretam) continuam respirando ar puro, não se deixando afundar num rol de efeitos especiais que as apagariam por completo do mapa. De fato, não é a narrativa que parece ser abalroada pelos efeitos visuais. A grande batalha é que parece ser constantemente importunada pela narrativa.


Ao contrário do que acontecia nos outros filmes, tanto Emma Watson como Rupert Grint são relegados para segundo plano que, ao brilhantismo das suas representações, não diz respeito. Este capítulo final é inteiramente de Radcliffe e do seu Potter. Aqui, Potter encontra-se ousado e destemido, como nunca antes o vimos. E quem beneficia deste lado mais negro da personagem é, claramente, o ator que a interpreta. De resto, outros dois atores (estes bem mais conceituados e de créditos firmados) tomam conta do filme por completo: Alan Rickman e, claro, Ralph Fiennes. Rickman despede-se da personagem de Snape da forma mais digna e comovente possível. E Fiennes, como sempre, empresta a Voldemort doses elevadíssimas de deliciosa crueldade e arrogância.


Numa obra com tantos aspectos positivos, os pontos negativos que mais saltam à vista prendem-se com algumas sequências de ação feitas por encomenda e momentos dramáticos francamente desaproveitados. Principalmente quem já leu os livros sentirá que falta qualquer coisa a esta adaptação cinematográfica. Alguns dos momentos mais emotivos (como a morte de personagens importantes) acabam passando quase despercebidos e alguns dos duelos entre protagonistas (como o protagonizado por Helena Bonham Carter e Julie Walters) parecem ser despachados mais por obrigação narrativa do que por convicção de que aquela cena é fundamental para o sucesso da obra integral. E estes são alguns dos pecados que o diretor David Yates já cometeu no passado. De fato, Yates demonstra possuir algum traquejo, competência e criatividade. Mas não podemos deixar de pensar naquilo que um diretor como Guillermo del Toro (só para dar um exemplo) faria com este mesmo material. E um filme como Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 merecia um diretor desse calibre.


De qualquer forma, é justo dizer que estamos perante uma boa obra. Uma obra emocionante, visualmente espetacular e, acima de tudo, equilibrada. Não é a melhor das oito que compuseram a saga. Mas é bem capaz de ficar num honrado terceiro ou quarto lugar. Quem não leu os livros dificilmente terá algo de negativo a apontar. Quem os leu saiu da sala com a sensação de que poderia ter sido feito mais qualquer coisinha. O que não deixa de significar uma despedida em grande de Harry James Potter.










Harry Potter e a Pedra Filosofal  and the Sorcerer's Stone  e a Câmara Secreta  and the Chamber of Secrets  e o Cálice de Fogo  and the Goblet of Fire  e o Prisioneiro de Azkaban  and the Prisoner of Azkaban  e a Ordem da Fênix  and the Order of the Phoenix  e as Relíquias da Morte: Parte 1  and the Deathly Hallows: Part 1  e as Relíquias da Morte: Parte 2  and the Deathly Hallows: Part 2  e o Enigma do Príncipe  and the Half-Blood Prince Ralph Fiennes Lord Voldemort Michael Gambon Professor Albus Dumbledore Alan Rickman Professor Severus Snape Daniel Radcliffe Rupert Grint Ron Weasley Emma Watson Hermione Granger Evanna Lynch Luna Lovegood  Domhnall Gleeson Bill Weasley Clémence Poésy Fleur Delacour  Warwick Davis Griphook Professor Filius Flitwick John Hurt Ollivander Helena Bonham Carter Bellatrix Lestrange Aventura Drama Fantasia | Mistério filme movie David Yates  Steve Kloves J.K. Rowling

8 de maio de 2011

ATIVIDADE PARANORMAL (2009)


Direção: Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat

Estava bastante ansioso para ver este filme sensação de 2009. Com um baixo orçamento, quase impraticável nos dias de hoje em Hollywood, e filmado em 2007 na casa do próprio diretor, Atividade Paranormal assume-se como o grande sucesso daquele ano. Oren Peli pega numa velha e simples premissa dos clássicos filmes de terror – um jovem casal começa a ter as suas noites perturbadas por inexplicáveis fenômenos paranormais – e eleva-a a um estado que permeia o culto cinematográfico, tal foi o delírio em redor desta sua obra.


Verdade seja dita que Atividade Paranormal merece toda a atenção que lhe possamos dedicar. Estamos perante um filme assustador, perturbador e deveras inquietante. Uma boa aposta para os fãs do gênero fantástico e uma venerável adição para este tão desprezado e subestimado gênero. Contudo, o filme tanto promete que, a certa altura, acaba desiludindo. À medida que a história vai decorrendo, percebemos as limitações de um orçamento reduzido e compreendemos que esta obra poderia ser muito mais do que aquilo que é. Ninguém poderá dizer que Atividade Paranormal não é extremamente realista e assustador, mas o seu potencial não é totalmente explorado. Se estivéssemos falando dos jogos olímpicos, poderíamos dizer que Atividade Paranormal estava perto de levar o ouro para casa quando nos metros finais apenas ficou com o bronze. O que é uma pena.


Como já foi referido, a premissa é muito simples. Desde pequena, Katie (Featherston) é assombrada por um assustador e perturbador espírito. Após vários anos sem manifestação de incidentes paranormais, Katie pensa que a entidade finalmente lhe ofereceu descanso. Porém, ao mudar-se para uma nova casa com o seu namorado Micah (Sloat), Katie descobre que suas assombrações voltaram.


Não dá para deixar de dizer que Atividade Paranormal nos proporciona diversos momentos da mais pura tensão e do mais arrepiante suspense. Bem filmado e arquitetado, o filme tenta recorrer à essência do mais profundo terror para assustar o espectador. Longos momentos de silêncio levam-nos a recear cada frame da película. E como um bom filme de terror, aquilo que se esconde nas sombras acaba sendo o que mais nos perturba e incomoda. Atividade Paranormal é o parente mais próximo de A Bruxa de Blair (1999). O estilo é o mesmo e os fãs da bruxa do bosque americano reconhecerão a mesma técnica e o mesmo padrão de terror. Ainda assim, devo dizer que a obra de Oren Peli não consegue aceder ao patamar de obra-prima do terror. E isto porque a sensação de que algo lhe falta é simplesmente imperdoável. Se o filme trata de assombrações, então é justo dizer que ele também é assombrado pelo pecado de deixar o espectador à espera de algo que nunca vem a acontecer. Algo mais. Algo que salte das sombras e nos faça pular da cadeira.


Comparando rapidamente com o fabuloso REC (2007) ou o eterno O Exorcista (1973) (esses sim, verdadeiras obras-primas do cinema de terror), Atividade Paranormal mete medo e consegue ser assustador. Mas os outros dois são mais que isso; eles são aterradores e levam o espectador a desejar fechar os olhos e abandonar a sala. Algo que o filme de Peli infelizmente não consegue fazer. E como explicar isso? Muito simples. O filme poderia e deveria ser muito mais intenso, feroz e criativo. A certa altura, Atividade Paranormal torna-se previsível e as cenas terminam quando estão aumentando o seu interesse. Na maioria das cenas de intensidade, a imagem é cortada por um irritante fade out que decapita o ritmo do filme e dá início há tempos mortos que levam o espectador a desejar apenas uma coisa: que venha a próxima cena noturna. Assim é Atividade Paranormal, um daqueles filmes difíceis de criticar e/ou classificar. Por um lado assusta-nos e perturba-nos. Por outro lado, deixa-nos irritados por não ser capaz de levar o terror a um patamar superior. Algo lhe falta. Talvez uma cena final mais elaborada, aterradora e intensa. Talvez cenas mais arrepiantes, criativas e corajosas. Algo está faltando. Algo que não deixe o terror restringir-se a uma série de sons e ruídos de fundo. Graças à tentativa de simular um home vídeo, Atividade Paranormal é órfão de uma estrutura narrativa clássica. Não há princípio, meio e fim. E talvez seja essa a sua grande virtude, mas (ironicamente) também o seu grande pecado. Virtude porque o realismo dessa estrutura aprimora o efeito aterrador; pecado porque mata um possível clímax mais intenso e simplesmente infernal (algo a que REC atendeu com tanta mestria). Enfim, apesar de alguma desilusão da minha parte, não desanimem. Atividade Paranormal não deixa de ser um filme extremamente interessante, bastante assustador e que promete tirar-lhes o sono por algumas noites.







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