24 de abril de 2011

[PARA REVER] BASTARDOS INGLÓRIOS (2009)


Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Eli Roth, Diane Kruger, Mike Meyers, Michael Fassbender

Bastardos Inglórios é o que os americanos tanto gostam de chamar Instant Classic. Tarantino consegue fazer tudo aquilo que quer e gosta, sem cedências, e simultaneamente supera as expectativas dos seus fãs por esse mundo fora. Para qualquer cinéfilo que se preze, mesmo não sendo fã da sua particular visão cinematográfica, este é inegavelmente um grande filme e um dos melhores de Tarantino, que dá um passo adiante na estética singular comum a toda a sua filmografia.


Nesta espécie de conto/sonho de qualquer judeu, que sintomaticamente começa com um "Once upon a time", marcando a vertente absolutamente ficcional de toda a trama, Tarantino dá o ponto para o que todos os filmes de Silly Season podiam e deviam ser: histórias bem contadas e estruturadas, acompanhadas de boas interpretações e melhores textos e com clássicos musicais enquadrando as melhores cenas (porque há uma mão cheia delas, dignas de constar na história do cinema). A mistura entre filme de guerra spaguetti, comédia, ação e drama dá um resultado perfeito, cheio de entretenimento, puro e duro, como a época pede e todos nós gostamos.


Tarantino filma na Alemanha com um elenco majoritariamente europeu, verdadeiro desfile de estrelas do cinema alemão: a bela e talentosa Diane Kruger, Michael Fassbender, Christoph Waltz (ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante e o melhor de todo o filme como Col. Hans Landa – o Caçador de Judeus), Daniel Brühl e alguns bons atores franceses como Mélanie Laurent interpretando a inesquecível Shosanna Dreyfuss.


O filme cruza duas histórias paralelas distribuídas por cinco capítulos, mantendo a já tradicional estrutura de Tarantino. Começamos na França ocupada do início da década de 40 do século passado, pela história de Shosanna, judia, única sobrevivente do brutal massacre de toda a sua família, que, a seu tempo, terá a oportunidade de uma vida para vingar. Em seguida conhecemos os infames Bastardos, um grupo que, na boa tradição de Os Doze Condenados, tem como única missão matar nazis, com o bônus de vingarem o massacre a que o seu povo foi sujeito, visto que têm em comum o fato de serem judeus. A vingança que levam a cabo espalha o medo entre os oficiais alemães, chegando aos ouvidos do próprio Führer, que se desespera diante de tamanha ousadia.


As típicas cenas de diálogo sem cortes estão presentes, quase sempre em plano contínuo, garantindo o realismo e assegurando o suspense em momentos-chave cujo desenlace influencia todo o futuro das personagens. A violência é gráfica e explícita, sem disfarces nem subterfúgios. Carregando o simbolismo da redenção pela vingança (que na realidade nunca chegou a acontecer) que todas as personagens principais buscam e, em última instância, lhes dá motivação e alento para se manterem vivos, um objetivo a que entregam a sua existência e que levam às derradeiras conseqüências, por todos meios ao seu alcance, por mais inortodoxos que possam parecer. A seqüência que dá base a todo o filme acontece no cinema de que é proprietária Shosanna, levando ao clímax todas as premissas semeadas ao longo da trama, com imagens poderosas e que, apesar de todo o espetáculo e inevitável choque e espanto, nos deixam um sorriso nos lábios.


Tarantino conclui o filme com chave de ouro e deixa o seu nome gravado na história do cinema por, mais uma vez, provar que o cinema, mantendo-se pop, pode simultaneamente atrair público às salas e ser tão Cult como o melhor da 7ª arte européia. That’s Entertainment!




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