8 de maio de 2011

ATIVIDADE PARANORMAL (2009)


Direção: Oren Peli
Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat

Estava bastante ansioso para ver este filme sensação de 2009. Com um baixo orçamento, quase impraticável nos dias de hoje em Hollywood, e filmado em 2007 na casa do próprio diretor, Atividade Paranormal assume-se como o grande sucesso daquele ano. Oren Peli pega numa velha e simples premissa dos clássicos filmes de terror – um jovem casal começa a ter as suas noites perturbadas por inexplicáveis fenômenos paranormais – e eleva-a a um estado que permeia o culto cinematográfico, tal foi o delírio em redor desta sua obra.


Verdade seja dita que Atividade Paranormal merece toda a atenção que lhe possamos dedicar. Estamos perante um filme assustador, perturbador e deveras inquietante. Uma boa aposta para os fãs do gênero fantástico e uma venerável adição para este tão desprezado e subestimado gênero. Contudo, o filme tanto promete que, a certa altura, acaba desiludindo. À medida que a história vai decorrendo, percebemos as limitações de um orçamento reduzido e compreendemos que esta obra poderia ser muito mais do que aquilo que é. Ninguém poderá dizer que Atividade Paranormal não é extremamente realista e assustador, mas o seu potencial não é totalmente explorado. Se estivéssemos falando dos jogos olímpicos, poderíamos dizer que Atividade Paranormal estava perto de levar o ouro para casa quando nos metros finais apenas ficou com o bronze. O que é uma pena.


Como já foi referido, a premissa é muito simples. Desde pequena, Katie (Featherston) é assombrada por um assustador e perturbador espírito. Após vários anos sem manifestação de incidentes paranormais, Katie pensa que a entidade finalmente lhe ofereceu descanso. Porém, ao mudar-se para uma nova casa com o seu namorado Micah (Sloat), Katie descobre que suas assombrações voltaram.


Não dá para deixar de dizer que Atividade Paranormal nos proporciona diversos momentos da mais pura tensão e do mais arrepiante suspense. Bem filmado e arquitetado, o filme tenta recorrer à essência do mais profundo terror para assustar o espectador. Longos momentos de silêncio levam-nos a recear cada frame da película. E como um bom filme de terror, aquilo que se esconde nas sombras acaba sendo o que mais nos perturba e incomoda. Atividade Paranormal é o parente mais próximo de A Bruxa de Blair (1999). O estilo é o mesmo e os fãs da bruxa do bosque americano reconhecerão a mesma técnica e o mesmo padrão de terror. Ainda assim, devo dizer que a obra de Oren Peli não consegue aceder ao patamar de obra-prima do terror. E isto porque a sensação de que algo lhe falta é simplesmente imperdoável. Se o filme trata de assombrações, então é justo dizer que ele também é assombrado pelo pecado de deixar o espectador à espera de algo que nunca vem a acontecer. Algo mais. Algo que salte das sombras e nos faça pular da cadeira.


Comparando rapidamente com o fabuloso REC (2007) ou o eterno O Exorcista (1973) (esses sim, verdadeiras obras-primas do cinema de terror), Atividade Paranormal mete medo e consegue ser assustador. Mas os outros dois são mais que isso; eles são aterradores e levam o espectador a desejar fechar os olhos e abandonar a sala. Algo que o filme de Peli infelizmente não consegue fazer. E como explicar isso? Muito simples. O filme poderia e deveria ser muito mais intenso, feroz e criativo. A certa altura, Atividade Paranormal torna-se previsível e as cenas terminam quando estão aumentando o seu interesse. Na maioria das cenas de intensidade, a imagem é cortada por um irritante fade out que decapita o ritmo do filme e dá início há tempos mortos que levam o espectador a desejar apenas uma coisa: que venha a próxima cena noturna. Assim é Atividade Paranormal, um daqueles filmes difíceis de criticar e/ou classificar. Por um lado assusta-nos e perturba-nos. Por outro lado, deixa-nos irritados por não ser capaz de levar o terror a um patamar superior. Algo lhe falta. Talvez uma cena final mais elaborada, aterradora e intensa. Talvez cenas mais arrepiantes, criativas e corajosas. Algo está faltando. Algo que não deixe o terror restringir-se a uma série de sons e ruídos de fundo. Graças à tentativa de simular um home vídeo, Atividade Paranormal é órfão de uma estrutura narrativa clássica. Não há princípio, meio e fim. E talvez seja essa a sua grande virtude, mas (ironicamente) também o seu grande pecado. Virtude porque o realismo dessa estrutura aprimora o efeito aterrador; pecado porque mata um possível clímax mais intenso e simplesmente infernal (algo a que REC atendeu com tanta mestria). Enfim, apesar de alguma desilusão da minha parte, não desanimem. Atividade Paranormal não deixa de ser um filme extremamente interessante, bastante assustador e que promete tirar-lhes o sono por algumas noites.







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