21 de julho de 2012

SEM PENSAR (2012)

Avaliação: 9,5




Ficha Técnica
Texto: Anya Reiss
Tradução: Rodrigo Haddad
Direção: Luiz Villaça
Elenco: Denise Fraga, Kiko Marques, Julia Novaes, Kauê Telloli

Depois de protagonizar a peça A Alma Boa de Setsuan (2009), a atriz Denise Fraga voltou ao Rio Grande do Sul, para encenar Sem Pensar, do original Spur of the Moment, escrito pela dramaturga inglesa, Anya Reiss, quando ela tinha apenas 17 anos. Inédito em Porto Alegre, o espetáculo passou pela capital dos gaúchos entre os dias 13 e 15 de julho, colecionando aplausos. Nele, Denise interpreta Vicky, uma mãe outrora dedicada, mas que, agora, vive absorta pela crise de seu casamento com Nick (Kiko Marques).


Sem Pensar fala sobre relações familiares, sobretudo do ponto de vista de uma pré-adolescente, chamada Delilah. A personagem toma emprestados o corpo e a voz da jovem talentosa atriz Julia Novaes, de 22 anos. Mola propulsora de todo o percurso da obra, a garota apaixona-se por Daniel (Kauê Telloli), um rapaz de 21 anos, e coloca em prática seus sentimentos e, claro, oferece grande energia para o movimento da trama.


A história discute moral, traição, infidelidade, amizade e crises em relacionamentos românticos e amigáveis. As junções das personagens, interpretações, texto, cenário, luz, trilha sonora e direção resultam em um espetáculo dinâmico e bem integrado. Apesar de definido pela autora, de 17 anos, Anya Reiss, como drama, o texto aqui é encenado com muita graça. Provavelmente por conta do humor peculiar da consagrada Denise Fraga. A atriz transita confiante pelo palco, dominando as expressões e falas de sua personagem, como se estive em sua própria casa. Nesta montagem, brilha também Julia Novaes, que sustenta com tranqüilidade as peripécias de Delilah. A garota sonha com seu primeiro caso de amor, tendo Daniel como objeto. Ele aluga um quarto em sua casa, já que Nick, o pai da mocinha, está desempregado. Imersos a constantes brigas, Vicky e Nick não percebem o que acontece com a filha pré-adolescente, a voltas de suas descobertas, envolvendo a sexualidade. O conflito aumenta com a visita de Carol (Virgínia Buckowski), namorada de Daniel, contribuindo ainda mais com a formação de um cenário dramático e cômico ao mesmo tempo.


O elenco se completa com mais três jovens iniciantes que participaram de workshops e intensa preparação. Elas são as amigas de Delilah e apimentam os conflitos no “sobe e desce” de um cenário que alude a um sobrado. Ana G. é interpretada por Isabel Wolfenson, Natalia por Verônica Sarno e Ana M. é Paula Ravache.

13 de julho de 2012

O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (2009)





Direção: Juan José Campanella
Elenco: Soledad Villamil, Ricardo Darín, Pablo Rago




Há dois elementos muito interessantes neste filme argentino, uma história que merece ser contada e um modo de fazê-lo maduro, sólido e poético. Um crime horrendo toca particularmente um funcionário de um tribunal, Benjamín Espósito (Ricardo Darín), não só pela violência usada, mas, sobretudo, por encontrar na história de amor da vítima semelhanças com o próprio amor que o alimenta. Espósito fará tudo ao seu alcance para encontrar o culpado, envolvendo no processo o seu colega e melhor amigo, Sandoval, e ainda a chefe do departamento, a belíssima e inatingível Irene Menéndez Hastings. Apesar dos progressivos sucessos da sua investigação e, quando tudo parecia resolvido, revezes de uma justiça demasiadamente cega fazem reverter todo o processo.


Vinte e cinco anos mais tarde, já reformado, Espósito decide escrever a história deste caso e reescrever muitos dos acontecimentos à luz daquilo que gostaria que tivesse acontecido. Esse projeto leva-o a procurar Irene e o marido da vítima, o que o leva a perceber que ainda há tempo de reverter o curso dos acontecimentos e que há sempre muitas coisas na vida de que não conseguimos perceber, a não ser, muitas vezes, muitos anos depois.


O roteiro é original e bem amarrado, misturando nas doses certas amor, sexo, violência, mistério, terror e uma pitada de humor narrados no ritmo certo para prender a atenção do espectador e lhe permitir, simultaneamente, aproveitar o que se passa na tela em sua própria vida. As interpretações bem como a caracterização das três personagens fundamentais, Irene, Espósito e Ricardo Morales são muito convincentes, conferindo uma estrutura sólida à narrativa. A reconstituição da época é bem conseguida tanto nos cenários como nos figurinos. O final brilhante lança uma reflexão sobre a justiça, mostrando que esta pode ser subjetiva e questionável. Ainda assim é de alma lavada que ficamos após assistir esse filme, conscientes de que assistimos a algo novo, a um cinema ‘não americano’ fresco, revigorante e pronto a vingar. Merecidamente, esta película ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2010.




TRAILER:

25 de junho de 2012

PROTEGENDO O INIMIGO (2012)



Direção: Daniel Espinosa
Elenco: Denzel Washington, Ryan Reynolds, Vera Farmiga


A dupla Denzel Washington/Ryan Reynolds até funciona muito bem, mas Protegendo o Inimigo não nos maravilha ou convence com o seu escasso argumento e pobres sequências de ação que não têm a intensidade ou a qualidade técnica que seria de se esperar de uma grande produção norte-americana.


A limitada história de Protegendo o Inimigo centra-se em Matt Weston (Ryan Reybolds), um agente da CIA que se sente frustrado com o seu calmo e inativo posto na Cidade do Cabo (África do Sul), onde tem que guardar uma casa segura que é utilizada pela agência para interrogar criminosos e acolher refugiados políticos. O seu maior desejo é tornar-se um agente governamental de topo, mas para que isso aconteça tem primeiro que provar o seu valor aos seus superiores. A sua oportunidade surge quando a CIA envia para o seu abrigo um dos criminosos mais procurados pelo governo norte-americano – Tobin Frost (Denzel Washington), um ex-agente secreto que desertou há mais de uma década e que tem vendido desde então várias informações secretas a grupos terroristas e governos hostis.


Assim que Frost começa a ser interrogado por um especialista em tortura e extração de informações, um grupo de mercenários assalta e destrói as instalações do abrigo, forçando Weston e Frost a trabalharem em conjunto para sobreviverem ao ataque. Após fugirem do local, a dupla deve descobrir se estes mercenários foram enviados por terroristas ou por alguém de dentro da CIA. Weston terá, também, que decidir em quem confiar antes que ele e o seu prisioneiro sejam eliminados do jogo.


O enredo de Protegendo o Inimigo centra-se majoritariamente na conturba relação que se estabelece entre Weston e Frost, deixando para segundo plano a conspiração governamental que está na base do filme e que só é convenientemente desenvolvida na sua última meia hora. É claro que essa relação está muito bem construída e dá origem a alguns dos momentos mais intensos e curiosos desta obra, mas não é suficientemente forte ou cativante para compensar a falta de interesse, entretenimento e criatividade da trama central ou das escassas reviravoltas que pecam pela sua excessiva previsibilidade. Já se sabia que Protegendo o Inimigo não ia ter um enredo maravilhoso, mas esperava-se que tivesse pelo menos duas ou três sequências de ação relativamente refinadas e realistas, no entanto, todas as suas cenas deste gênero denotam uma frustrante falta de intensidade que deriva essencialmente da fraca edição de Richard Pearson e da medíocre direção de Daniel Espinosa, um cineasta sueco que estava habituado a pequenos filmes europeus e que claramente não se mostrou à altura de uma grande produção norte-americana.



Ao contrário do seu enredo e vertentes técnicas, o elenco de Protegendo o Inimigo não desilude e assume-se claramente como um dos seus pontos fortes. A química entre Denzel Washington e Ryan Reynolds domina a nossa atenção e alimenta as suas performances individuais que, sem serem brilhantes, conseguem ser muito satisfatórias. É óbvio que o veterano Washington tem um trabalho muito mais carismático e cativante que o mais inexperiente Reynolds, mas é justo dizer que os dois estão muito bem à sua maneira. Ao nível do elenco secundário encontramos dois bons desempenhos de Vera Farmiga e Brendan Gleeson, cujas respectivas personagens ganham uma particular relevância na conclusão deste mediano blockbuster que até tem obtido bons resultados comerciais nas bilheteiras internacionais, mas que infelizmente não nos oferece nada de extraordinário.


TRAILER:


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24 de junho de 2012

HABEMUS PAPAM (2011)



Direção: Nanni Moretti
Elenco: Michel Piccoli, Nanni Moretti, Margherita Buy, Jerzy Stuhr


Habemus Papam abre com imagens reais do enterro de João Paulo II. Logo a seguir, os cardeais deslocam-se, em fila, para o conclave onde se procederá a eleição do novo Sumo Pontífice. Do lado de fora, jornalistas de todo o mundo relatam os acontecimentos como se se estivessem na cobertura de um campeonato de futebol. Cada um torce pelo representante do seu país.


Durante a votação, os cardeais esticam a cabeça para ver quem o colega do lado elegeu, escrevem, riscam e reescrevem o nome do seu candidato. Estamos perante uma centena de cardeais que se comportam como autênticas crianças. É uma cena com bastante humor e ao mesmo tempo um pouco trágica, uma vez que nenhum deseja assumir a enorme responsabilidade que o novo cargo acarreta, e todos rezam a Deus para que não os escolha. Colocam-se em crise os símbolos da Igreja a favor das atitudes humanas.


Nanni Moretti entra no conclave porque o cinema é invasivo e permite-se tocar o divino, o invisível e o impalpável. O humor resulta da inserção de elementos incompatíveis e improváveis no mesmo espaço, conseguindo fazer graça com os valores que representam. Transporta-se o profano para o sagrado: um papa que faz psicanálise ou um campeonato de voleibol disputado pelos cardeais. Ciência versus religião, divino versus humano. Freud, Deus, Darwin, Chekhov e voleibol numa mesma equação.


Estabelece-se um jogo permanente com o ato de representar, uma vez que o sonho do novo Papa (Piccoli) era ser ator. A narrativa debate-se com a dificuldade em assumir um papel, com o Homem dentro do Papa que vai à procura da sua Revelação, porque a que Deus lhe deu não lhe chega. Passa a ideia de que não existe uma sabedoria superior e todos temos de escavar no processo de auto-conhecimento. De fora, a fé dos milhares de seguidores que esperam na Praça de São Pedro. De dentro, a mente confusa de um simples homem.


Moretti (que, além de dirigir o filme, interpreta o psicanalista) e Piccoli cruzam-se apenas uma vez, para uma consulta rápida entre um público composto por cardeais sedentos por informações escabrosas. Mas o psicanalista está proibido de tocar assuntos como traumas, sonhos, desejos, sexo ou família. Não sendo religioso, o Dr. Brezzi diz a Melville que a alma e o inconsciente não podem coexistir. O sarcasmo parece começar, mas não se estende além deste ponto. O filme não expõe uma crítica aberta ao catolicismo, mas sugere que a Igreja necessita de um líder que traga uma grande mudança. E é sobre mudanças que se medita, sobre a capacidade de escolher, sobre a razão de cada um.


Habemus Papam é também sobre o destino. O destino de um homem que perdeu a confiança e a esperança no seu Deus. Que tem dúvidas quanto à sua capacidade de atingir os objetivos que Este lhe pôs nas mãos. Um seguidor a quem o papel de líder espiritual de um bilião de católicos o assusta e paralisa. Quem, em plena consciência, aceitaria de imediato tal papel, a menos que acreditasse ser a vontade de Deus, que o guiaria no desempenho desse ofício? Tal como Brezzi lhe diz, essa não foi a vontade de Deus, mas a dos cardeais. Só que estes não o escolheram por o considerarem um líder extraordinário, mas porque todos queriam evitar de serem o mais votado. E essa desresponsabilização irá manchar a Igreja de vergonha.


Toda a ação é agridoce. Por um lado, os cardeais parecem estar festejando o fato de não terem sido ‘o escolhido’. Tomam cappuccinos, jogam partidas de cartas e entregam-se entusiasticamente a um torneio de voleibol. Por outro, é preciso perceber que estão vivendo na ilusão e não têm conhecimento da verdadeira dimensão do problema. E à noite, sozinhos nos seus quartos, que o medo é exposto através de cigarros, comprimidos e pesadelos.


Há um plano extraordinário que se repete ao longo do filme: o das cortinas vermelhas esvoaçando no vazio. Cria-se um jogo quase melancólico de luz e sombra, do visível e do desconhecido que exemplifica magistralmente o que Moretti quis mostrar neste filme. Pisamos o terreno da desconstrução dos hábitos da fé cristã, onde o Papa tem o direito de renunciar ao cargo, por livre e espontânea vontade. Uma bênção à liberdade de expressão.


Michel Piccoli tem uma performance notável, transmitindo humildade, inteligência, medo ou puro prazer unicamente através da sua expressão e do movimento dos olhos.


TRAILER:


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11 de junho de 2012

A LEGIÃO PERDIDA (2011)



Direção: Kevin MacDonald
Elenco: Channing Tatum, Mark Strong, Jamie Bell


Os fantásticos O Último Rei da Escócia (2006) e Intrigas de Estado (2009) transformaram Kevin MacDonald num dos novos diretores de Hollywood a ser observado, mas até os cineastas mais promissores realizam filmes medíocres como este A Legião Perdida, um sofrível épico romano que nos oferece uma narrativa sem conteúdo, baseada no livro “The Eagle of the Ninth”, de Rosemary Sutcliff. A história é ambientada na Bretanha (Reino Unido) do Século II onde encontramos Marcus Flavius Aquila (Channing Tatum), um ex-centurião romano que embarca numa honrosa empreitada para reaver a Águia de Ouro da Nona Legião Romana, um simbólico artefato militar que foi roubado de seu pai por uma das tribos mais bárbaras da Bretanha Livre. O seu escravo, Esca (Jamie Bell), vai assisti-lo na sua busca, mas o seu passado desconhecido e o seu ódio extremo pelos romanos fazem dele um aliado incerto.


O início de A Legião Perdida até é promissor porque nos oferece uma intensa batalha entre Romanos e Bárbaros, o que nos leva a crer que este filme vai ser emocionante até ao fim, mas, infelizmente, isso não acontece e acabamos sendo confrontados com uma narrativa monótona e enfadonha, que é dominada pela honrosa demanda familiar/militar de Marcus e pela amizade que vai se estabelecendo entre ele e o seu escravo, dois temas centrais que não foram habilmente abordados por Kevin MacDonald ou por Jeremy Brock (roteirista). A verdade é que após um início promissor, A Legião Perdida só volta a ser interessante durante a sua conclusão, onde somos novamente brindados com uma emotiva, mas também caótica batalha entre os Romanos Desertores e a Tribo das Focas.


A nível visual, A Legião Perdida não é muito apelativo, mas conta, mesmo assim, com uns cenários naturais/rurais muito cativantes e que se assumem claramente como o melhor elemento visual do trabalho técnico de Kevin MacDonald, um cineasta talentoso que ficou muito aquém das expectativas com este seu novo trabalho. O seu elenco também não nos oferece um desempenho coletivo minimamente satisfatório. Channing Tatum e Jamie Bell não assumem com qualquer carisma ou realismo os seus respectivos papéis e o veterano Donald Sutherland pouco acrescenta ao filme com a sua atuação secundária.


Em suma, A Legião Perdida, de Kevin MacDonald, poderia ter sido um filme razoável, porém a falta de conteúdo da sua narrativa e as fracas performances de Channing Tatum e Jamie Bell acabaram transformando num enorme fracasso.


TRAILER:



 
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18 de maio de 2012

OS AGENTES DO DESTINO (2011)



 
Direção: George Nolfi
Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, Anthony Mackie, John Slattery, Terence Stamp


Os críticos mais radicais e comerciais classificaram este Os Agentes do Destino como sendo o A Origem (2010) de 2011, mas esta obra de George Nolfi nada tem a ver com o filme de Christopher Nolan. É verdade que Os Agentes do Destino tem uma essência científica/futurista semelhante à de A Origem, mas, em última análise, este filme de George Nolfi é substancialmente mais fraco, no entanto, não é um mau filme, muito pelo contrário, é um thriller eficaz e cativante que se centra nos prós e contras do livre arbítrio e do controle institucional.


A sua história é centrada em David Norris (Matt Damon), um ambicioso político norte-americano que tem um curto, porém maravilhoso, encontro com uma bela bailarina, Elise Sellas (Emily Blunt), na noite em que perde a corrida ao Senado. O seu encontro acaba resultando num amor à primeira vista que leva David a tentar conhecer melhor Elise, uma tentativa que é constantemente frustrada por misteriosos homens que tentam afastá-los, homens esses que pertencem ao Adjustment Bureau (Agentes do Destino), uma entidade secreta que controla os destinos de várias pessoas influentes da sociedade norte-americana e que não quer que David e Elise se transformem num casal, pois seu relacionamento poderá por um fim à promissora carreira política de David que, em última análise, será forçado a escolher entre Elise e sua carreira.


Os Agentes do Destino tem uma história claramente ficcional, porém abordando uma série de problemáticas atuais, sendo o principal relacionado à volta do livre arbítrio e da sua importância numa sociedade cada vez mais controladora, uma sociedade que é aqui representada pelos Agentes do Destino (Adjustment Bureau), uma entidade utiliza meios futuristas e sobrenaturais para controlar os destinos de indivíduos que eles consideram ser fundamentais para o crescimento dos Estados Unidos da América, um controle que não é autorizado por esses indivíduos que vivem, sem saberem, sob a sua direção.


  David Norris é um desses indivíduos que descobre acidentalmente que a sua vida política e pessoal é controlada por esta entidade que o impede de se relacionar com Elise sob pena de ver a sua promissora carreira política cair por terra. É a partir deste momento que David inicia uma duradoura batalha contra o sistema/controle institucional para recuperar o seu livre arbítrio, uma batalha que a um nível secundário leva a outra batalha entre o Amor (Elise) e o Destino (Futuro Político). O final de Os Agentes do Destino confirma a vitória da liberdade e do amor, uma vitória previsível, mas demasiadamente fácil tendo em conta o poderio dos “vilões” que acabam aceitando que David e Elise merecem viver o seu amor e fazer as suas próprias escolhas mesmo que estas afetem seriamente o seu percurso profissional. 


O cineasta estreante George Nolfi apresenta com este Os Agentes do Destino um bom primeiro filme que poderá simbolizar o início de uma brilhante carreira. Temos que dar crédito a Nolfi por ter criado um filme que mantém um ritmo acelerado e um ambiente tenso até final, características essenciais num thriller intelectual. O nível técnico de Os Agentes do Destino também é muito elevado, sendo a trilha sonora de Thomas Newman o elemento que mais se destaca, no entanto, não está ao nível da criada por Hans Zimmer em A Origem, essa sim uma trilha sonora perfeita para um thriller intelectual. O seu elenco também está muito bem, Matt Damon e Emily Blunt têm uma excelente química entre si e oferece-nos performances muito credíveis e realistas. A nível secundário, Anthony Mackie tem uma boa performance como Harry Mitchell, um membro ativo dos Agentes do Destino e maior aliado de David Norris na sua luta contra o Bureau. Os Agentes do Destino não é A Origem, mas é, ainda assim, um bom filme que deverá entreter todos aqueles que apreciem filmes tensos e tematicamente fortes.


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