Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Betty Buckley
Fim dos Tempos é um trabalho do diretor M. Night Shyamalan, o criador de obras intrigantes e criativas como O Sexto Sentido (1999) ou Sinais (2002). No entanto, é diretor, também, de desastres cinematográficos como A Vila (2004) e A Dama na Água (2006), que fracassaram nas bilheteiras e, na opinião geral da crítica e dos fãs do diretor, apresentaram uma qualidade substancialmente inferior no argumento e na criação de suspense, um elemento chave na identidade de Shyamalan. Em 2008 nos surge Fim dos Tempos, um filme do mesmo gênero que as demais obras do realizador e que prometia voltar a elevar a qualidade de suas películas, no entanto, algo que não acontece. O filme apresenta um entretenimento de pouca qualidade, com pouca transcendência, o suspense vai diminuindo à medida que o filme se desenvolve dando lugar à previsibilidade e os atores principais também em nada beneficiam a obra, aparecendo muito limitados e apagados.
Fim dos Tempos tem uma premissa apocalíptica que se traduziu na perfeição nos espetaculares trailers do filme que foram sendo lançados. Nestes, foi notória a capacidade que Shyamalan tem em criar uma sensação de intriga, suspense e até medo no espectador, contudo essa sensação acompanha apenas os trailers e os momentos iniciais do filme, perdendo-se de forma incompreensível à medida que o enredo se desenvolve. O filme acompanha os momentos de pânico e ânsia que sucedem o aparecimento de uma neurotoxina na cidade de Nova York e que leva os seus habitantes a suicidarem-se em massa. A misteriosa toxina propaga-se por outras grandes cidades da costa leste norte-americana, fazendo inúmeras vítimas. Inicialmente pensa-se que se trata de um ataque terrorista, mas rapidamente essa idéia perde consistência, dando lugar a um cenário mais aterrador.
O argumento é o elemento chave para Shyamalan, é dele que depende o sucesso ou fracasso dos seus filmes. Ao contrário de A Vila ou Dama na Água, o argumento de Fim dos Tempos apresentava grandes potencialidades, derivando de uma idéia interessante que certamente poderia originar um filme com o mesmo nível de O Sexto Sentido. Contudo, não lhe foi dado a tal mística tão característica das obras do diretor. É certo que no início o suspense e a intriga são bem trabalhados, mas rapidamente esfumam-se dando lugar a um desenvolvimento previsível com diálogos de fraca qualidade recheados de clichês e até de algumas explicações pouco convincentes. A construção das personagens principais apresenta muitas deficiências, algo que surpreende visto que até as obras inferiores de Shyamalan cumpriam razoavelmente este aspecto. A personagem principal interpretada por Wahlberg não é capaz de induzir drama e intensidade à obra o que por sua vez afeta a construção e desempenho das personagens principais restantes, que aparecem fortemente ligadas a ele. Não conseguimos nos ligar a nenhuma das personagens, não conseguimos nos preocupar com elas por maior desespero que enfrentem e se não nos preocupamos não vibramos intensamente com os acontecimentos retratados. Entramos, portanto, num estado de apatia emocional que nos faz ver o filme como uma obra sem espírito e emoção, algo de indiferente que não entretêm nem distrai. O elenco também não ajuda a mudar este cenário, apresenta-nos um trabalho medíocre que não convence e que não ajuda a levantar a qualidade do filme.
Shyamalan é um cineasta que compreende muito bem as técnicas utilizadas pelo Mestre Hitchcock, técnicas essas que lhe serviram de inspiração para criar técnicas próprias, inovadoras e criativas, que utilizou em todos os seus filmes. Logo, não é de estranhar que o filme resulte de uma espécie de mistura entre Os Pássaros (1963) e Sinais, contudo com menos qualidade do que estas obras. Se esta complexa mistura tivesse resultado na perfeição, não duvido que Fim dos Tempos seria um dos melhores filmes de 2008. Infelizmente, a obra aparece muito longe da perfeição, completamente distante da qualidade das obras anteriores do cineasta. Pouco intrigante, demasiadamente artificial e pouco credível não consegue transmitir o medo/ânsia esperada ao espectador. A mensagem ambientalista, apesar de ser muito menos credível do que a de filmes como O Dia Depois de Amanhã (2004) não deixa de ser interessante, infelizmente é preciso muito mais que uma boa idéia original para fazer um bom filme.
TRAILER:
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