Direção: David Slade
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner
Eclipse traz de volta a indecisa Bella Swan (Stewart), o depressivo Edward Cullen (Pattinson) e o musculoso Jacob Black (Lautner) para aquele que prometia ser o capítulo mais negro e melancólico da saga. A própria escolha de David Slade – de filmes como Menina Má.com (2005) e 30 Dias de Noite (2007) – para a cadeira de diretor acabava refletindo essa aposta de abordagem mais negra, mais sombria. O grande problema é que nada disto se confirmou no final da película. Ao contrário do que se esperava, este terceiro filme da saga acaba sendo o menos negro e o que menos conteúdo apresenta na sua pobre e eclipsada narrativa. De fato, talvez por causa de um roteiro fraco, a talentosa mão de David Slade não se faz sentir em nenhum momento da película.
É nesta terceira parte que o triângulo amoroso constituído por Bella, Edward e Jacob atinge o seu auge. Mais do que nunca, Bella confronta-se com os seus próprios sentimentos e não sabe qual dos rapazes escolher para uma vida mais segura e sustentada. A sua paixão por Edward é mais intensa. Mas Jacob é muito mais do que um simples amigo de infância e o seu amor acarretaria sacrifícios muito menores por parte dela. Começando a perceber estas inseguranças na sua amada, Edward torna-se mais ciumento e deseja apenas ver Jacob pelas costas. E para dificultar ainda mais a vida de Bella, Jacob revela-lhe os seus mais profundos sentimentos e diz que nunca irá desistir de batalhar pelo amor da jovem. Enquanto esta batalha sentimental decorre entre estas três personagens, outra batalha fermenta-se no horizonte: ainda magoada pela morte do seu companheiro às mãos de Edward, Victoria (Bryce Dallas Howard) encontra em Riley (Xavier Samuel) o líder ideal para formar um feroz exército de vampiros sedentos por sangue. A vida de Bella continua, desta forma, ameaçada. Victoria, Riley e o seu cruel exército de vampiros não descansarão enquanto a jovem humana não estiver morta. E como tal, no sentido de proteger Bella, Edward e Jacob terão de esquecer a sua rivalidade e unir esforços para uma batalha que se augura brutal e sangrenta. E tudo isto enquanto Bella decide se deve ou não tornar-se vampira. Pois os Volturi estão à espreita e não tolerarão uma relação amorosa entre vampiro e humana…
Como facilmente se percebe, Eclipse não oferece nada de verdadeiramente novo ao espectador. É como se este novo capítulo fosse uma simples extensão das problemáticas já retratadas e abordadas em Lua Nova (2009). Bella continua indecisa entre uma eterna vida vampírica ao lado do romântico Edward Cullen, ou uma vida mais “normal” em redor do forte e impetuoso lobisomem Jacob Black. Victoria continua também à procura de executar a sua vingança (aparentemente, já há dois ou três anos que não faz mais nada senão saltar de galho em galho na floresta em busca dessa oportunidade…). Ou seja, esta terceira parte não traz nada de refrescante ou original, limitando-se a aprofundar as tramas que já provêm dos filmes anteriores. Talvez a única novidade se prenda com a temporária aliança entre vampiros e lobisomens. Muito pouco, contudo, para um filme que pretendia marcar uma geração e entrar para a História da Sétima Arte.
Além desta tremenda falta de criatividade na narrativa, Eclipse é também aquele que, em termos puramente cinematográficos, se revela mais medíocre. Nunca chega a haver um verdadeiro estado de cumplicidade entre o espectador e aquilo que eles está assistindo. A narrativa desenvolve-se demasiadamente rápida, sem qualquer espaço para uma sempre necessária profundidade dramática. Os atores parecem estar sempre em piloto automático e raramente conseguem fazer com que as suas personagens surpreendam o espectador com algo de novo e inesperado. Como já referi, o roteiro demonstra fraquezas. Porém, um bom diretor tem a obrigação de tirar algo de positivo do fundo do mais lamacento e obscurecido poço. E David Slade falhou redondamente. O pulso com que filmou o fabuloso Menina Má.com e o interessante 30 Dias de Noite não está aqui presente. E isso se reflete no resultado final. Acima de tudo, a direção de Slade (neste filme) não demonstra qualquer paixão pelo cinema. Tudo é filmado de forma insossa, dando a sensação de que este projeto lhe foi encomendado às pressas. Eclipse se beneficiaria com um período de produção mais cuidadoso e extenso. A fome dos produtores pelos recordes de bilheteira está obrigando toda a equipe de produção a trabalhar a uma velocidade sobre-humana, o que prejudica indelevelmente a qualidade de toda a saga. Estou convicto de que, apesar de a matéria-prima não ser propriamente brilhante, não fosse a loucura de lançar os filmes com apenas com alguns meses de intervalo, a saga Crepúsculo poderia obter resultados muito mais gratificantes.
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