31 de dezembro de 2011

A SAGA CREPÚSCULO: ECLIPSE (2010)


Direção: David Slade
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner


Eclipse traz de volta a indecisa Bella Swan (Stewart), o depressivo Edward Cullen (Pattinson) e o musculoso Jacob Black (Lautner) para aquele que prometia ser o capítulo mais negro e melancólico da saga. A própria escolha de David Slade – de filmes como Menina Má.com (2005) e 30 Dias de Noite (2007) – para a cadeira de diretor acabava refletindo essa aposta de abordagem mais negra, mais sombria. O grande problema é que nada disto se confirmou no final da película. Ao contrário do que se esperava, este terceiro filme da saga acaba sendo o menos negro e o que menos conteúdo apresenta na sua pobre e eclipsada narrativa. De fato, talvez por causa de um roteiro fraco, a talentosa mão de David Slade não se faz sentir em nenhum momento da película.


É nesta terceira parte que o triângulo amoroso constituído por Bella, Edward e Jacob atinge o seu auge. Mais do que nunca, Bella confronta-se com os seus próprios sentimentos e não sabe qual dos rapazes escolher para uma vida mais segura e sustentada. A sua paixão por Edward é mais intensa. Mas Jacob é muito mais do que um simples amigo de infância e o seu amor acarretaria sacrifícios muito menores por parte dela. Começando a perceber estas inseguranças na sua amada, Edward torna-se mais ciumento e deseja apenas ver Jacob pelas costas. E para dificultar ainda mais a vida de Bella, Jacob revela-lhe os seus mais profundos sentimentos e diz que nunca irá desistir de batalhar pelo amor da jovem. Enquanto esta batalha sentimental decorre entre estas três personagens, outra batalha fermenta-se no horizonte: ainda magoada pela morte do seu companheiro às mãos de Edward, Victoria (Bryce Dallas Howard) encontra em Riley (Xavier Samuel) o líder ideal para formar um feroz exército de vampiros sedentos por sangue. A vida de Bella continua, desta forma, ameaçada. Victoria, Riley e o seu cruel exército de vampiros não descansarão enquanto a jovem humana não estiver morta. E como tal, no sentido de proteger Bella, Edward e Jacob terão de esquecer a sua rivalidade e unir esforços para uma batalha que se augura brutal e sangrenta. E tudo isto enquanto Bella decide se deve ou não tornar-se vampira. Pois os Volturi estão à espreita e não tolerarão uma relação amorosa entre vampiro e humana…


Como facilmente se percebe, Eclipse não oferece nada de verdadeiramente novo ao espectador. É como se este novo capítulo fosse uma simples extensão das problemáticas já retratadas e abordadas em Lua Nova (2009). Bella continua indecisa entre uma eterna vida vampírica ao lado do romântico Edward Cullen, ou uma vida mais “normal” em redor do forte e impetuoso lobisomem Jacob Black. Victoria continua também à procura de executar a sua vingança (aparentemente, já há dois ou três anos que não faz mais nada senão saltar de galho em galho na floresta em busca dessa oportunidade…). Ou seja, esta terceira parte não traz nada de refrescante ou original, limitando-se a aprofundar as tramas que já provêm dos filmes anteriores. Talvez a única novidade se prenda com a temporária aliança entre vampiros e lobisomens. Muito pouco, contudo, para um filme que pretendia marcar uma geração e entrar para a História da Sétima Arte.


Além desta tremenda falta de criatividade na narrativa, Eclipse é também aquele que, em termos puramente cinematográficos, se revela mais medíocre. Nunca chega a haver um verdadeiro estado de cumplicidade entre o espectador e aquilo que eles está assistindo. A narrativa desenvolve-se demasiadamente rápida, sem qualquer espaço para uma sempre necessária profundidade dramática. Os atores parecem estar sempre em piloto automático e raramente conseguem fazer com que as suas personagens surpreendam o espectador com algo de novo e inesperado. Como já referi, o roteiro demonstra fraquezas. Porém, um bom diretor tem a obrigação de tirar algo de positivo do fundo do mais lamacento e obscurecido poço. E David Slade falhou redondamente. O pulso com que filmou o fabuloso Menina Má.com e o interessante 30 Dias de Noite não está aqui presente. E isso se reflete no resultado final. Acima de tudo, a direção de Slade (neste filme) não demonstra qualquer paixão pelo cinema. Tudo é filmado de forma insossa, dando a sensação de que este projeto lhe foi encomendado às pressas. Eclipse se beneficiaria com um período de produção mais cuidadoso e extenso. A fome dos produtores pelos recordes de bilheteira está obrigando toda a equipe de produção a trabalhar a uma velocidade sobre-humana, o que prejudica indelevelmente a qualidade de toda a saga. Estou convicto de que, apesar de a matéria-prima não ser propriamente brilhante, não fosse a loucura de lançar os filmes com apenas com alguns meses de intervalo, a saga Crepúsculo poderia obter resultados muito mais gratificantes.










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19 de dezembro de 2011

MEIA-NOITE EM PARIS (2011)


Diretor: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Michael Sheen, Marion Cotillard

Detentor de uma forma muito peculiar de contar histórias e, por conseguinte, inventor do seu próprio estilo de cinema, Woody Allen provoca sensação de obrigatoriedade, na grande maioria dos cinéfilos, em ir assistir seus filmes. Se à primeira vista se estranham os filmes de Allen, logo começamos a devorá-los sofregamente, como se a nossa vida dependesse disso. Meia-Noite em Paris não é uma exceção à regra. Há quem diga que este filme marca o regresso do genial cineasta aos seus tempos de maior glória. Em minha opinião, esta é uma obra repleta de magia e romantismo, com algumas tiradas cômicas bem típicas de Allen, mas ainda assim é órfã daquela sombra trágica e espírito crítico que sempre estão presentes na sua cinematografia. Ficamos com a nítida sensação de que acabamos de assistir a algo fantástico, algo culturalmente relevante e repleto de uma beleza clássica. Mas saímos também com a sensação de que passamos por algo demasiadamente leve e inocente. E se tal coisa cativa a atenção dos que mais apreciam o lado romântico do diretor nova-iorquino, por outro lado decepciona aqueles que deliram com a sua visão do mundo infinitamente trágica e neurótica.


Gil Pender (Owen Wilson) é um roteirista norte-americano que vai para Paris com a sua noiva Inez (Rachel McAdams), para passar alguns dias de relaxamento e diversão. Num jantar com os irritantes pais de Inez, o casal se encontra com Paul (Michael Sheen) – um pedante, que passa todo filme exibindo sua erudição – e Carol (Nina Arianda) – a esposa deste último. Uma noite, recusando mais um convite para sair com o casal, Gil decide caminhar por Paris à noite e, em virtude de não conhecer a cidade e de estar embriagado, perde-se pelas vielas de Montmartre. Eis que se depara com um táxi velho e os ocupantes do veículo obrigam Gil a juntar-se a eles em uma festa que o remete à capital francesa dos anos 20, conhecendo lugares de uma Paris mágica perdida no tempo, e conhecendo figuras de um imaginário fascinante e ilustres da cultura mundial como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, Salvador Dalí, entre muitos outros. Será a partir dessa convivência que terá a chance de descobrir não apenas a si mesmo, mas de enxergar sua vida com uma nova e reveladora perspectiva. Sem saber bem como explicar o que lhe está acontecendo, Gil aproveita o contato com a crème de la crème para conhecer novas paixões e descobrir seus sonhos ocultos.


Como facilmente se percebe pela sinopse apresentada, Meia-Noite em Paris é um filme que transpira cultura por todos os lados. São inúmeras as figuras das artes internacionais (desde a escrita à pintura) que fazem aqui uma aparição. Woody Allen levou à letra a ideia de que Paris é a capital das artes e da cultura em geral, presenteando-nos com uma viagem intelectual que tanto nos ensina como nos obriga a dar boas risadas (a obsessão de Dalí por rinocerontes é, a meu ver, a melhor cena do filme). A nível puramente estético e até musical, Meia-Noite em Paris transforma-se, portanto numa obra de altíssimo calibre, tão encantadora como memorável. Allen continua dirigindo atores com uma maestria ao alcance de muito poucos, deixando as personagens fluir pela narrativa com uma naturalidade estonteante, narrativa essa que (uma vez mais) põe a nu os dotes de escrita do grande cineasta nova-iorquino.


Depois de uma fase mais negra e dramática com obras como Ponto Final (2005) e O Sonho de Cassandra (2007) (curiosamente, ambas rodadas em Londres), Woody Allen parece ter visto em Paris o portal para regressar a contos mais leves e românticos. Infelizmente, isto faz com que Meia-Noite em Paris não tenha tanta substância (crítica e narrativa) como outras obras recentes do diretor, ainda que não faltem as reflexões sobre a vida e as tiradas críticas tão ao seu jeito. Uma obra para apaixonados, não tanto para inconformistas. E eu, como um amante da Cidade Luz, não posso deixar de destacar a fotografia deste filme, com uma abertura que apresenta os principais cenários da cidade, além das diversas tomadas pelas ruas de Montmartre e do Museu Rodin, cenas simplement formidable que devem resultar em indicações aos Óscares de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e, quem sabe, de Melhor Figurino, também.








TAGS Comédia Fantasia Romance filme movie Woody Allen Owen Wilson Gil Rachel McAdams Inez Kurt FullerJohn Mimi Kennedy Helen Michael Sheen Paul Nina Arianda Carol  Carla Bruni Museum Guide  Yves Heck Cole Porter Alison Pill Zelda Fitzgerald Corey Stoll Ernest Hemingway Tom Hiddleston F. Scott Fitzgerald Sonia Rolland Joséphine Baker Daniel Lundh Juan Belmonte Laurent Spielvogel Antiques Dealer Thérèse Bourou-Rubinsztein Alice B. Toklas Kathy Bates Gertrude Stein Marcial Di Fonzo Bo Pablo Picasso Marion Cotillard Adriana Léa Seydoux Gabrielle Emmanuelle Uzan Djuna Barnes Adrien Brody Salvador Dalí Tom Cordier Man Ray Adrien de Van Luis Buñuel Letty Aronson  produtor  Raphaël Benoliel  co-produtor  Javier Méndez  produtor executivo  Helen Robin  Jack Rollins  Jaume Roures Stephen Tenenbaum Midnight in Paris Minuit à Paris Medianoche en París Hatzot be'Paris Mesanyhta sto Parisi Paris'te Gece Yarisi Ponoc u Parizu Pulnoc v Parízi Shuaghame parizshi Vidurnaktis Paryziuje

6 de dezembro de 2011

ENCONTROS MACABROS (2011)



Direção: Colin e Stuart Vicious
Elenco: Sean Rogerson, Juan Riedinger, Ashleigh Gryzko, Mackenzie Gray

O trailer do filme Encontros Macabros me gerou enorme expectativa para assisti-lo, porém todo mundo sabe que quanto maior a expectativa, maior a possível decepção. As cenas apresentadas no trailer são verdadeiros spoilers das tomadas mais assustadoras. Encontros Macabros é uma espécie de mockumentary (documentário falso), que segue a linha de A Bruxa de Blair (1999) e Atividade Paranormal (2007), e relata o cotidiano de uma equipe que produz um reality show sobre espíritos, fantasmas e acontecimentos paranormais. O programa, que leva o mesmo nome do filme, vai ter seu sexto episódio gravado dentro do Sanatório Collingwood Psychiatric Hospital, onde fenômenos inexplicáveis são reportados há anos. O sanatório vai servir como pano de fundo para este filme.

Como os demais filmes do gênero, Encontros Macabros inicia com uma explicação do que iremos ver em seguida e de como as imagens foram feitas. Após, temos alguns momentos cômicos do filme, onde somos apresentados aos personagens, com destaque para o Dr. Houston (Gray), que finge ser um médium e não economiza em poses e caretas para mostrar que sente as energias do hospital, e para o apresentador canastrão e líder do grupo, Lance Preston (Rogerson), que chega a subornar o jardineiro do sanatório pra mentir dizendo que viu espíritos.
Para realizar a gravação do sexto episódio do programa, eles resolvem passar a noite no local e pedem ao zelador que acorrente a porta por fora e só venha abrir pela manhã, e é ai que o filme realmente começa. Depois da instalação das câmeras pelos quatro andares do sanatório, a equipe parte em busca de registros de atividades paranormais (sic!) e acabam passando, junto com os espectadores, por inúmeros sobressaltos e situações aterrorizantes. Contar mais que isso, seria narrar todo o filme.



Concluo com a certeza de que, para o baixo orçamento empregado, o canadense Encontros Macabros, atende seu propósito, mesmo que as minhas expectativas, em particular, não tenham sido totalmente alcançadas. Mesmo com esse sentimento, arrisco dizer que este é o melhor dos filmes do gênero terror de 2011.





TRAILER:



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3 de dezembro de 2011

CAÇA ÀS BRUXAS (2011)


Direção: Dominic Sena
Elenco: Nicolas Cage, Ron Perlman, Stephen Campbell

Uma das indicações de “Pior Filme de 2011” pertence claramente à Caça às Bruxas, um filme fraco que confirma o mau momento de Nicolas Cage, um ator outrora afamado que atualmente entra em qualquer filme que lhe aparece pela frente. A história de Caça às Bruxas é ambientada na Inglaterra do Século XIV e é centrada em Behmen (Nicolas Cage) e Felson (Ron Perlman), dois cavaleiros desertores que podem ser executados caso não acatem as ordens do Cardeal D'Ambroise (Christopher Lee), um homem moribundo que lhes pede para escoltarem uma mulher acusada de bruxaria até um mosteiro isolado onde ela será purificada num ritual que poderá livrar o mundo da Peste.


O nível narrativo de Caça às Bruxas é muito fraco, não existindo, no meu entender, nenhum elemento que se distancie da mediocridade ou do amadorismo, no entanto, acredito que seria irrealista pedir a Bragi F. Schut (roteirista) um enredo cativante ou interessante, mas também acredito que não seria nada irrealista pedir um enredo que nos oferecesse, no mínimo, um razoável entretenimento, mas, infelizmente, tal coisa não se verifica. Nos seus pouco mais de noventa minutos, Caça às Bruxas fala das cruzadas, da peste, de bruxaria, de possessão demoníaca, e ainda de toda a jornada no transporte da suposta bruxa, inúmeros assuntos para serem tratados em um única obra.


Caça às Bruxas é também um filme extremamente enfadonho que mais se assemelha a um road movie medieval do que a um filme de ação. O seu nível técnico também não é melhor, muito pelo contrário, arrisco mesmo a dizer que tecnicamente Caça às Bruxas é uma verdadeira nulidade porque além de sermos confrontados com efeitos visuais fracos, somos também presenteados com várias batalhas pouco convincentes e confusas que foram mal editadas/dirigidas por Dominic Sena, um cineasta que muito recentemente realizou Terror na Antártida (2009), outro filme detestável e descartável. O elenco de Caça às Bruxas é liderado, sem brilho ou carisma, por Ron Perlman e Nicolas Cage, este último volta a nos oferecer um desempenho vazio que reconfirma o seu contínuo mau momento. Stephen Graham, Robert Sheehan e Christopher Lee também nos oferecem performances secundárias muito pouco memoráveis. Caça às Bruxas é, em suma, um filme fraco a todos os níveis que foi trucidado pela crítica mundial e que acabou sendo um fracasso comercial.








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