25 de junho de 2012

PROTEGENDO O INIMIGO (2012)



Direção: Daniel Espinosa
Elenco: Denzel Washington, Ryan Reynolds, Vera Farmiga


A dupla Denzel Washington/Ryan Reynolds até funciona muito bem, mas Protegendo o Inimigo não nos maravilha ou convence com o seu escasso argumento e pobres sequências de ação que não têm a intensidade ou a qualidade técnica que seria de se esperar de uma grande produção norte-americana.


A limitada história de Protegendo o Inimigo centra-se em Matt Weston (Ryan Reybolds), um agente da CIA que se sente frustrado com o seu calmo e inativo posto na Cidade do Cabo (África do Sul), onde tem que guardar uma casa segura que é utilizada pela agência para interrogar criminosos e acolher refugiados políticos. O seu maior desejo é tornar-se um agente governamental de topo, mas para que isso aconteça tem primeiro que provar o seu valor aos seus superiores. A sua oportunidade surge quando a CIA envia para o seu abrigo um dos criminosos mais procurados pelo governo norte-americano – Tobin Frost (Denzel Washington), um ex-agente secreto que desertou há mais de uma década e que tem vendido desde então várias informações secretas a grupos terroristas e governos hostis.


Assim que Frost começa a ser interrogado por um especialista em tortura e extração de informações, um grupo de mercenários assalta e destrói as instalações do abrigo, forçando Weston e Frost a trabalharem em conjunto para sobreviverem ao ataque. Após fugirem do local, a dupla deve descobrir se estes mercenários foram enviados por terroristas ou por alguém de dentro da CIA. Weston terá, também, que decidir em quem confiar antes que ele e o seu prisioneiro sejam eliminados do jogo.


O enredo de Protegendo o Inimigo centra-se majoritariamente na conturba relação que se estabelece entre Weston e Frost, deixando para segundo plano a conspiração governamental que está na base do filme e que só é convenientemente desenvolvida na sua última meia hora. É claro que essa relação está muito bem construída e dá origem a alguns dos momentos mais intensos e curiosos desta obra, mas não é suficientemente forte ou cativante para compensar a falta de interesse, entretenimento e criatividade da trama central ou das escassas reviravoltas que pecam pela sua excessiva previsibilidade. Já se sabia que Protegendo o Inimigo não ia ter um enredo maravilhoso, mas esperava-se que tivesse pelo menos duas ou três sequências de ação relativamente refinadas e realistas, no entanto, todas as suas cenas deste gênero denotam uma frustrante falta de intensidade que deriva essencialmente da fraca edição de Richard Pearson e da medíocre direção de Daniel Espinosa, um cineasta sueco que estava habituado a pequenos filmes europeus e que claramente não se mostrou à altura de uma grande produção norte-americana.



Ao contrário do seu enredo e vertentes técnicas, o elenco de Protegendo o Inimigo não desilude e assume-se claramente como um dos seus pontos fortes. A química entre Denzel Washington e Ryan Reynolds domina a nossa atenção e alimenta as suas performances individuais que, sem serem brilhantes, conseguem ser muito satisfatórias. É óbvio que o veterano Washington tem um trabalho muito mais carismático e cativante que o mais inexperiente Reynolds, mas é justo dizer que os dois estão muito bem à sua maneira. Ao nível do elenco secundário encontramos dois bons desempenhos de Vera Farmiga e Brendan Gleeson, cujas respectivas personagens ganham uma particular relevância na conclusão deste mediano blockbuster que até tem obtido bons resultados comerciais nas bilheteiras internacionais, mas que infelizmente não nos oferece nada de extraordinário.


TRAILER:


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24 de junho de 2012

HABEMUS PAPAM (2011)



Direção: Nanni Moretti
Elenco: Michel Piccoli, Nanni Moretti, Margherita Buy, Jerzy Stuhr


Habemus Papam abre com imagens reais do enterro de João Paulo II. Logo a seguir, os cardeais deslocam-se, em fila, para o conclave onde se procederá a eleição do novo Sumo Pontífice. Do lado de fora, jornalistas de todo o mundo relatam os acontecimentos como se se estivessem na cobertura de um campeonato de futebol. Cada um torce pelo representante do seu país.


Durante a votação, os cardeais esticam a cabeça para ver quem o colega do lado elegeu, escrevem, riscam e reescrevem o nome do seu candidato. Estamos perante uma centena de cardeais que se comportam como autênticas crianças. É uma cena com bastante humor e ao mesmo tempo um pouco trágica, uma vez que nenhum deseja assumir a enorme responsabilidade que o novo cargo acarreta, e todos rezam a Deus para que não os escolha. Colocam-se em crise os símbolos da Igreja a favor das atitudes humanas.


Nanni Moretti entra no conclave porque o cinema é invasivo e permite-se tocar o divino, o invisível e o impalpável. O humor resulta da inserção de elementos incompatíveis e improváveis no mesmo espaço, conseguindo fazer graça com os valores que representam. Transporta-se o profano para o sagrado: um papa que faz psicanálise ou um campeonato de voleibol disputado pelos cardeais. Ciência versus religião, divino versus humano. Freud, Deus, Darwin, Chekhov e voleibol numa mesma equação.


Estabelece-se um jogo permanente com o ato de representar, uma vez que o sonho do novo Papa (Piccoli) era ser ator. A narrativa debate-se com a dificuldade em assumir um papel, com o Homem dentro do Papa que vai à procura da sua Revelação, porque a que Deus lhe deu não lhe chega. Passa a ideia de que não existe uma sabedoria superior e todos temos de escavar no processo de auto-conhecimento. De fora, a fé dos milhares de seguidores que esperam na Praça de São Pedro. De dentro, a mente confusa de um simples homem.


Moretti (que, além de dirigir o filme, interpreta o psicanalista) e Piccoli cruzam-se apenas uma vez, para uma consulta rápida entre um público composto por cardeais sedentos por informações escabrosas. Mas o psicanalista está proibido de tocar assuntos como traumas, sonhos, desejos, sexo ou família. Não sendo religioso, o Dr. Brezzi diz a Melville que a alma e o inconsciente não podem coexistir. O sarcasmo parece começar, mas não se estende além deste ponto. O filme não expõe uma crítica aberta ao catolicismo, mas sugere que a Igreja necessita de um líder que traga uma grande mudança. E é sobre mudanças que se medita, sobre a capacidade de escolher, sobre a razão de cada um.


Habemus Papam é também sobre o destino. O destino de um homem que perdeu a confiança e a esperança no seu Deus. Que tem dúvidas quanto à sua capacidade de atingir os objetivos que Este lhe pôs nas mãos. Um seguidor a quem o papel de líder espiritual de um bilião de católicos o assusta e paralisa. Quem, em plena consciência, aceitaria de imediato tal papel, a menos que acreditasse ser a vontade de Deus, que o guiaria no desempenho desse ofício? Tal como Brezzi lhe diz, essa não foi a vontade de Deus, mas a dos cardeais. Só que estes não o escolheram por o considerarem um líder extraordinário, mas porque todos queriam evitar de serem o mais votado. E essa desresponsabilização irá manchar a Igreja de vergonha.


Toda a ação é agridoce. Por um lado, os cardeais parecem estar festejando o fato de não terem sido ‘o escolhido’. Tomam cappuccinos, jogam partidas de cartas e entregam-se entusiasticamente a um torneio de voleibol. Por outro, é preciso perceber que estão vivendo na ilusão e não têm conhecimento da verdadeira dimensão do problema. E à noite, sozinhos nos seus quartos, que o medo é exposto através de cigarros, comprimidos e pesadelos.


Há um plano extraordinário que se repete ao longo do filme: o das cortinas vermelhas esvoaçando no vazio. Cria-se um jogo quase melancólico de luz e sombra, do visível e do desconhecido que exemplifica magistralmente o que Moretti quis mostrar neste filme. Pisamos o terreno da desconstrução dos hábitos da fé cristã, onde o Papa tem o direito de renunciar ao cargo, por livre e espontânea vontade. Uma bênção à liberdade de expressão.


Michel Piccoli tem uma performance notável, transmitindo humildade, inteligência, medo ou puro prazer unicamente através da sua expressão e do movimento dos olhos.


TRAILER:


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11 de junho de 2012

A LEGIÃO PERDIDA (2011)



Direção: Kevin MacDonald
Elenco: Channing Tatum, Mark Strong, Jamie Bell


Os fantásticos O Último Rei da Escócia (2006) e Intrigas de Estado (2009) transformaram Kevin MacDonald num dos novos diretores de Hollywood a ser observado, mas até os cineastas mais promissores realizam filmes medíocres como este A Legião Perdida, um sofrível épico romano que nos oferece uma narrativa sem conteúdo, baseada no livro “The Eagle of the Ninth”, de Rosemary Sutcliff. A história é ambientada na Bretanha (Reino Unido) do Século II onde encontramos Marcus Flavius Aquila (Channing Tatum), um ex-centurião romano que embarca numa honrosa empreitada para reaver a Águia de Ouro da Nona Legião Romana, um simbólico artefato militar que foi roubado de seu pai por uma das tribos mais bárbaras da Bretanha Livre. O seu escravo, Esca (Jamie Bell), vai assisti-lo na sua busca, mas o seu passado desconhecido e o seu ódio extremo pelos romanos fazem dele um aliado incerto.


O início de A Legião Perdida até é promissor porque nos oferece uma intensa batalha entre Romanos e Bárbaros, o que nos leva a crer que este filme vai ser emocionante até ao fim, mas, infelizmente, isso não acontece e acabamos sendo confrontados com uma narrativa monótona e enfadonha, que é dominada pela honrosa demanda familiar/militar de Marcus e pela amizade que vai se estabelecendo entre ele e o seu escravo, dois temas centrais que não foram habilmente abordados por Kevin MacDonald ou por Jeremy Brock (roteirista). A verdade é que após um início promissor, A Legião Perdida só volta a ser interessante durante a sua conclusão, onde somos novamente brindados com uma emotiva, mas também caótica batalha entre os Romanos Desertores e a Tribo das Focas.


A nível visual, A Legião Perdida não é muito apelativo, mas conta, mesmo assim, com uns cenários naturais/rurais muito cativantes e que se assumem claramente como o melhor elemento visual do trabalho técnico de Kevin MacDonald, um cineasta talentoso que ficou muito aquém das expectativas com este seu novo trabalho. O seu elenco também não nos oferece um desempenho coletivo minimamente satisfatório. Channing Tatum e Jamie Bell não assumem com qualquer carisma ou realismo os seus respectivos papéis e o veterano Donald Sutherland pouco acrescenta ao filme com a sua atuação secundária.


Em suma, A Legião Perdida, de Kevin MacDonald, poderia ter sido um filme razoável, porém a falta de conteúdo da sua narrativa e as fracas performances de Channing Tatum e Jamie Bell acabaram transformando num enorme fracasso.


TRAILER:



 
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