16 de março de 2011

O RITUAL (2011)



Direção: Mikael Hafstrom
Elenco: Anthony Hopkins, Colin O’Donoghue, Alice Braga, Ciarán Hinds, Toby Jones, Rutger Hauer

Sempre que estréia um filme de exorcismos, eu não consigo resistir. Tenho de ir vê-lo, custe o que custar. Talvez seja por ainda acalentar a esperança de assistir ao digno sucessor de O Exorcista (1973) nos cinemas. Talvez seja por desejar voltar a viver aquela sensação de absoluto terror, que só o mítico filme de William Friedkin nos proporciona. Talvez seja por querer acreditar que o gênero do terror não está morto… Certo é que, ano após ano, lá estou eu na escuridão da sala de cinema, ingenuamente à espera de ser surpreendido por um novo demônio. Digo ingenuamente, porque os últimos anos ensinaram-me a ver que a grande maioria destes filmes são puro lixo cinematográfico. Todos eles tentam copiar (por vezes, de forma descarada) o referido O Exorcista e todos eles acabam fracassando redondamente. E é por isso que entro na sala de cinema com as expectativas bem baixas. Pois se as expectativas forem baixas à partida, a eventual desilusão não deve atingir níveis demasiadamente elevados. Porém, por mais baixas que as minhas expectativas sejam, filmes como O Ritual conseguem ser ainda mais desastrosos do que se espera. A melhor forma de analisar essa obra passa por dizer que ela não traz absolutamente nada de novo a um gênero cinematográfico (infelizmente) moribundo. Saímos da sala com a sensação de que já assistimos umas mil vezes à estória relatada e, pior do que tudo, os minutos passam e sentimo-nos como se o filme não tivesse ainda começado, tal é a aura sem graça que paira sobre ele.


Mas comecemos pela narrativa. Michael Kovak é um estudante de seminário que duvida da sua própria fé. Preferindo analisar o mundo que o rodeia através de um olhar científico, Michael orgulha-se do seu ateísmo, tendo ingressado no seminário apenas para fugir das imposições do seu austero pai (Rutger Hauer). A sua intransigência faz-se notar de tal forma, que o padre Matthew (Toby Jones) decide enviá-lo para Roma, com o intuito de frequentar um novo curso de exorcismos. É aí que padre Xavier (Ciarán Hinds) lhe fala de Lucas Trevant (Anthony Hopkins - longe da sua melhor atuação, mas que, ainda assim, consegue ser o que de mais positivo este filme possui), um expert no que se refere ao intricado ritual do exorcismo e o homem que passará, desde aquele dia, a monitorar a sua aprendizagem em Roma. Mesmo acompanhando Lucas em sessões de exorcismos, Michael mantém o seu vincado ceticismo em relação à existência do Diabo. Porém quando as manifestações começam a se tornar mais impressionantes, o jovem seminarista vê-se obrigado a refletir sobre aquilo em que acredita realmente. Sob pena de ver a sua vida perigosamente ameaçada pelos atos de um impetuoso demônio…


Ao contrário de muitas outras obras do gênero, O Ritual não é puro lixo cinematográfico. Desse rótulo, acaba por se salvar. Mas a verdade é que também não anda muito longe dele. A performance de Anthony Hopkins, que há tempos anda à espera de melhores papéis, nos consegue manter atentos ao que se passa na tela, encontrando-se no ator galês de 73 anos os melhores momentos da película. A fotografia de Ben Davis também se afirma como um dos poucos pontos positivos do filme, apresentando-nos alguns cenários com uma paleta de sombras verdadeiramente arrepiante. Mas fora esses dois aspectos, pouco ou nada mais se consegue aproveitar, numa obra em que a previsibilidade da narrativa chega a irritar. Ainda não foi desta que um filme de exorcismos voltou a marcar pontos na História do cinema. O Ritual parece ter sido feito por alguém que não acredita no potencial dramático de um filme desta natureza. Quer surpreender, mas acaba apenas aborrecendo. E não há mais a dizer sobre uma obra que dá a sensação de já ter sido analisada inúmeras vezes.

TRAILER:

 

2 comentários:

  1. Por incrível que pareça eu dormi durante o filme... realmente não achei nada de mais... acredito que, dificilmente, este tema terá alguma evolução cinematográfica...

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  2. Valeu pelo comentário Wilfred, temos que marcar uma hora de ir no cinema de novo! Mas não vale cochilar!

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