29 de janeiro de 2012

CISNE NEGRO (2010)






Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder



Depois do magnífico O Lutador (2008) – que devolveu Mickey Rourke ao seu habitat natural e que foi ligeiramente ignorado pelas várias cerimônias de prêmios de cinema –, Darren Aronofsky regressa às luzes da ribalta com um filme que aborda o clássico “O Lago dos Cisnes” de uma forma muito peculiar. Apesar de possuir apenas cinco longas-metragens (com este Cisne Negro já incluído) no currículo, Aronofsky tem-se afirmado como um daqueles diretores que depressa carimba a Sétima Arte com uma forma de contar histórias muito própria e simplesmente avassaladora. A cada filme que passa, o modo de filmar deste jovem e genial realizador nova-iorquino transforma-se numa marca registrada. Uma marca repleta de brilhantismo, criatividade artística, arrojo visual e sublime intensidade narrativa. De certa forma, Cisne Negro é uma espécie de versão feminina de O Lutador. As semelhanças são muitas, e se O Lutador era uma obra absolutamente brilhante a todos os níveis… este Cisne Negro é uma autêntica obra-prima do cinema contemporâneo, ficando-lhe assegurado um lugar muito especial na História das artes audiovisuais.


Estamos na presença de um dos filmes mais perturbadores, intensos e mesmo chocantes das últimas temporadas cinematográficas. Por detrás do véu de graciosidade e do requinte musical, o filme está repleto de negrume, de figuras assustadoras e de tragédia. Algo que Aronofsky captou na perfeição, fazendo deste Cisne Negro uma das obras mais arrepiantes e impressionantes de todos os tempos. Correspondendo aos desejos mais ardentes da personagem principal, tudo neste filme é absolutamente perfeito. Desde a encenação das danças carregadas de energia macabra ao retrato sempre angustiante de como a protagonista cai, lenta e desamparadamente, nas malhas da insanidade delirante. O que transforma Cisne Negro numa obra obrigatória, goste-se ou não de ballet.


A história permite-nos acompanhar a vida artística de Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina repleta de talento e obcecada pela absoluta perfeição. Tecnicamente, não há nenhuma bailarina do corpo de ballet a que pertence que lhe chegue aos pés. Cada movimento dos seus passos de dança é efetuado com brio e absoluto rigor. Porém, a rigidez e a frigidez que marcam a sua personalidade prejudicam-na, não lhe permitindo soltar as verdadeiras emoções no palco. Exageradamente mimada e tratada como uma menina inocente pela mãe controladora (Barbara Hershey), Nina tem dificuldades em potencializar todas as suas qualidades e até a sua vida social sofre com isso. Mas é então que Thomas Leroy (Vincent Cassel) – o diretor artístico do corpo de ballet – dá início a um casting para decidir quem irá interpretar a Rainha dos Cisnes na sua versão d’”O Lago dos Cisnes”. Inesperadamente, Nina é selecionada. Porém, depressa vê a manutenção do seu papel ameaçada quando Lily (Mila Kunis) entra em cena. Enquanto Nina é perfeita para interpretar o papel do Cisne Branco (dócil e deslumbrante), Lily é a imagem imaculada do Cisne Negro (viril e impetuoso). E perante a constante incapacidade de Nina se soltar e assim se revelar capaz de interpretar a face mais negra da Rainha dos Cisnes, Thomas começa a pensar se Lily não será uma melhor escolha para este papel. Algo que dá origem a uma rivalidade entre as duas bailarinas e que leva a doce e inocente Nina Sayers a transformar-se num perverso e luxurioso cisne negro…


Estamos perante uma obra que ficará na memória dos espectadores por muitos e bons anos. Uma obra repleta de estrondosas sonoridades que nos arrepiam e fabulosas imagens que nos trazem as lágrimas aos olhos. A realização de Aronofsky é absolutamente irrepreensível, mergulhando-nos num mundo de delirante tragédia com uma destreza e um brilhantismo apenas ao alcance dos maiores gênios da Sétima Arte. Ao mesmo tempo em que faz uma reflexão sobre as consequências de um mundo cada vez mais competitivo e das neuroses obsessivas que dele podem provir, Cisne Negro não vira as costas ao gênero fantástico, brindando o espectador com algo de verdadeiramente único. Se o primeiro ato do filme pode vir a aborrecer quem não for fã de um cinema que gosta de aprofundar o comportamento das suas personagens… o segundo ato deixa-nos completamente paralisados com uma intensidade (dramática e narrativa) que nos cola à cadeira. E tudo isto é obra de Aronofsky, que não tem medo de arriscar e de almejar resultados finais ímpares na cinematografia mundial.


Natalie Portman está também de parabéns, pois a sua interpretação da delirante e desesperada Nina Sayers ultrapassa tudo aquilo que se poderia esperar, oferecendo-nos momentos que dificilmente conseguiremos esquecer. Cisne Negro é um autêntico prodígio cinematográfico, cativante do início até ao fim e deslumbrante a todos os níveis possíveis e imaginários. Em minha opinião, deixa A Rede Social e A Origem – outros grandes filmes de 2010 – a milhas de distância. Mas isso também não importa. Porque, isto sim, é cinema em todo o seu esplendor! E não seria uma estátua dourada que lhe acrescentaria ou retiraria qualquer mérito.





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OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (2011)



Direção: David Fincher
Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Robin Wright


David Fincher tem uma notória predileção pelos thrillers pesados, chocantes e violentos capazes de deixar qualquer um de cabelos em pé. Depois de Seven (1995) e Zodíaco (2007), eis que o cineasta norte-americano nos leva por uma nova incursão ao arrepiante e desconcertante submundo do crime, todo ele um reflexo daquilo que a sociedade humana tem de mais podre e deplorável. Agora, Fincher serve-se do famoso best-seller de Stieg Larsson para dar seguimento a essa sua visão do mundo decididamente fria, cinzenta e até mesmo trágica.


Mais do que um remake (o próprio diretor recusou peremptoriamente essa classificação), Os Homens que Não Amavam as Mulheres é uma versão alternativa dos escritos de Larsson, não desdenhando, apesar de tudo, a herança deixada pelos filmes originais suecos. Esses filmes encabeçados por uma Noomi Rapace em ascensão meteórica eram já suficientemente louváveis para figurarem na História do cinema por conta própria. Assim sendo, houve desde logo quem olhasse com desconfiança para esta versão norte-americana (o que é bastante compreensível, dada a torrente de remakes absurdos e estapafúrdios que tem contaminado as salas de cinema internacionais nos últimos anos). Todavia, o simples nome de David Fincher trouxe alguma credibilidade ao projeto, não denegrindo a imagem da franquia sueca e contribuindo até para a expansão do fenômeno Millennium. Se esta nova versão do primeiro tomo da trilogia de Larsson é melhor ou pior que o original sueco, isso ficará ao juízo de cada espectador. O que se pode assegurar sem margem para dúvidas é que o Os Homens que Não Amavam as Mulheres de Fincher cumpre com quase tudo aquilo que prometia, oferecendo-nos duas horas e meia de investigações policiais alucinantes e personagens que ficarão conosco durante algum tempo.


Depois de ver a sua vida profissional andar para trás com um processo de difamação do qual saiu derrotado, Mikael Blomkvist (Daniel Craig) demite-se da revista Millennium onde trabalhava como jornalista e embarca numa viagem até o norte da Suécia para se reunir com Henrik Vanger (Christopher Plummer), um empresário reformado que decide recorrer aos serviços de Mikael para investigar o desaparecimento de uma jovem de sua família. A princípio, o jornalista mostra-se reservado e com pouca vontade de aceitar a proposta de Henrik. Mas quando este lhe promete a cabeça de Wennerström (Ulf Friberg) – o homem que o processou por difamação –, Mikael sabe de imediato que não tem escolha senão fazer tudo o que Henrik quiser. Assim começa um processo de investigação às escondidas, que leva Mikael a tomar conhecimento de todos os podres de uma família de empresários verdadeiramente difíceis de aturar. Cada vez mais perdido numa investigação que parece não ter solução possível, Mikael decide então contatar a problemática e determinada Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma hacker com dificuldades de integração social que prova ser uma aliada valiosíssima logo nos primeiros dias de colaboração. Motivada para deter um assassino de mulheres, Lisbeth dá tudo de si para resolver este autêntico quebra-cabeça, ao mesmo tempo em que começa a desenvolver uma relação de intimidade com o seu parceiro de pesquisa. Mas à medida que o tempo passa, tanto Mikael como Lisbeth vêem as suas vidas seriamente ameaçadas, já que o assassino se encontra mais próximo do que poderiam imaginar. E a perversão deste serial-killer parece não ter limites, o que torna tudo ainda mais eletrizante…


Tenho de confessar que estava à espera de algo mais chocante e escabroso, apesar de não estarmos perante uma obra para todos os públicos. É certo que há aqui dois ou três momentos verdadeiramente arrepiantes, podendo desde já adiantar que o público feminino terá grandes probabilidades de sair abalado da sala de cinema. Mas isso já seria de esperar num filme que tem como título em português Os Homens que Odeiam as Mulheres. Por todos os rumores que haviam circulado e até pelos pôsteres que foram sendo lançados, esperava-se que este Os Homens que Não Amavam as Mulheres fosse um dos filmes mais intensos e perturbadores dos últimos anos, até pela marca Fincher que lhe estava associada. Porém, a verdade é que, fora dez ou quinze minutos de violações e abusos sexuais, esta obra acaba desabrochando como um thriller policial perfeitamente casual. Não necessariamente convencional, mas longe de ser a grande “bomba” que se chegou a imaginar, o que não abona muito a seu favor. O dedo preciso de Fincher mostra-se de forma bastante clara. Como fabuloso contador de histórias que é, o cineasta norte-americano prende a atenção do espectador por inteiro, levando-o a esperar sempre mais de um enredo que nem parece ter quase três horas de duração. As duas horas e meia passam voando, e isso é de grande valor. Mas o roteiro de Steven Zaillian torna-se por vezes confuso e enrolado. A sensação com que ficamos é que sem Rooney Mara e a sua fantástica Lisbeth Salander, Os Homens que Não Amavam as Mulheres não seria mais que um thriller quase vulgar. De fato, e de forma quase improvável, é Mara quem rouba o espetáculo quase que completamente, deixando para segundo plano atores como Daniel Craig e Stellan Skarsgard, com a sua interpretação felina e visceral da hacker mais anti-social de todos os tempos.


Em suma, vale a pena assistir essa película pelo estilo visual de Fincher, a intensidade interpretativa de Mara e a trilha-sonora invulgar da dupla Trent Reznor e Atticus Ross. Sem esquecer uma fabulosa sequência de créditos iniciais, ao som de Led Zeppelin, que fará com que os espectadores que cheguem cinco minutos atrasados batam com a cabeça na parede durante um bom número de horas.



 

TRAILER:


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22 de janeiro de 2012

PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM (2011)




Direção: Rupert Wyatt
Elenco: James Franco, Andy Serkis, Freida Pinto, John Lithgow


A obra original desta franquia (com Charlton Heston encabeçando o elenco) estreou no longínquo ano de 1968 e depressa se tornou uma obra de culto. Depois de algumas sequências menos bem-sucedidas na década de 70, foi a vez de Tim Burton reinventar esta peculiar história de ficção-científica, no ano de 2001. A coisa também não correu lá muito bem, ficando para a História da Sétima Arte como um dos piores filmes do visionário diretor norte-americano. Dez anos mais tarde, surge uma nova tentativa de ressuscitar a franquia, desta vez sob a forma de prequel. De fato, mais do que as sequências, os prequels parecem ter invadido Hollywood nos últimos anos, dando novo significado ao termo remake. Depois de bem pouco tempo termos assistido ao renascimento da saga X-Men, assistimos agora à gênese dos macacos falantes. E a verdade é que a prequel desta franquia não embaraça os seus criadores originais.


Will Rodman (James Franco) é um cientista brilhante que vive atormentado pelo contínuo definhar do seu pai (John Lithgow), fruto da doença de Alzheimer. Com o objetivo de encontrar uma cura para essa doença, Will trabalha sem parar no produto AlZ-112. Antes da testagem em humanos, Will e a sua equipe elaboram uma testagem exaustiva em chimpanzés. E, em poucos dias, vêem que o medicamento faz efeito, eliminando todos os sintomas da doença. Porém, efeitos secundários que ninguém esperava manifestam-se igualmente: os primatas desenvolvem uma inteligência extraordinária, inteligência apenas comparada à dos humanos. Mas antes que se pudesse estudar este fenômeno a fundo, um incidente nas instalações laboratoriais faz com que todo o projeto seja cancelado, para grande pesar de Will e seus colaboradores. O presidente da empresa de engenharia genética ordena então o abate de todas as cobaias e todas são, de fato, abatidas. Bom… todas, menos uma. Caesar (interpretado por Andy Serkis através da tecnologia motion-capture, já utilizada em filmes como O Senhor dos Anéis (2001) ou Os Fantasmas de Scrooge (2009) – um chimpanzé bebê – é adotado em segredo por Will, que passa assim a observar o seu crescimento de bem perto, acabando desenvolvendo uma relação de amizade bastante forte com o símio. No entanto, o que Will desconhece é que está criando o futuro líder da revolução símia, uma revolução que irá mudar a face da Terra para sempre…


Todas as prequels possuem um sentimento de fatalismo que as torna deveras interessantes. O fato de o espectador já conhecer o que se vai passar no futuro permite-lhe observar todos os acontecimentos com outros olhos, formando-se certa sensação de cumplicidade entre a tela e a audiência, que eleva as qualidades da obra em questão e encobre os seus defeitos. Temos exemplos disso no recente X-Men: Primeira Classe (2011), com o espectador prestando muito mais atenção à relação entre Charles Xavier e Erik Lehnsherr, por saber que ambos vão se tornar arqui-inimigos. Temos isso, também, na segunda trilogia da saga Star Wars, onde acompanhamos o percurso de Anakin Skywalker com todo o cuidado por sabermos que ele está fadado a transformar-se no temível Darth Vader. E isso ocorre igualmente neste Planeta dos Macacos, onde assistimos ao desenvolvimento de Caesar com um olhar algo fatalista, já que sabemos perfeitamente aquilo que o futuro lhe reserva. De fato, é como se as prequels entregassem um pouco do poder narrativo ao espectador. Este já sabe o que vai acontecer e, por causa disso, sente-se quase como se tivesse um papel ativo no desenrolar da trama que os seus olhos acompanham. Tal sensação de fatalidade acaba por se afirmar como o ponto mais forte desta obra, já que capta a atenção da audiência por inteiro.


Planeta dos Macacos: A Origem não precisa brigar muito para se afirmar como uma obra de entretenimento puro e eficaz. Acima de qualquer outra coisa, é uma aventura à boa maneira de Hollywood, com efeitos especiais de alto nível (a equipe é a mesma de Avatar (2009) e esta é a primeira vez que o motion-capture é filmado em conjunto com os atores live-action e dentro de um set real, sem panos de fundo verdes ou azuis), uma trilha-sonora de Patrick Doyle empolgante, interpretações suficientemente seguras para prender o espectador à cadeira e um desenvolvimento narrativo fluido e entusiasmante. A narrativa não tem pontos mortos e até há espaço para a transmissão de uma mensagem moralista sempre oportuna (embora já um pouco gasta). Tudo fatores inerentes a um bom blockbuster de Hollywood, consumado a pensar numa faixa etária abrangente e num bolo de lucros gigantesco.


Planeta dos Macacos: A Origem apresenta-nos algumas cenas ridículas que poderiam facilmente ser evitadas (como a do macaco andando a cavalo…). E o próprio roteiro encontra-se infestado de clichês que nos fazem pensar que já assistimos a estes eventos por diversas vezes. No fim das contas, sente-se que Rupert Wyatt tenta transmitir uma mensagem relevante, criticando o modo prepotente do ser humano e refletindo sobre o lado mais negro da engenharia genética. Os macacos digitais são surpreendentes e toda a ação é filmada com senso de sobriedade e crescente narrativo. Mas ao fim de 105 minutos de película sentimos que nada de novo foi realmente alcançado, relegando esta obra para o poço dos blockbusters competentes, filmados para serem vistos na sessão da tarde.




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O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS (2011)



Direção: Tomas Alfredson
Elenco: Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy, John Hurt


Tomas Alfredson surgiu no mundo do cinema com o magnífico Deixe Ela Entrar (2008), o filme sueco que se revelou ser muito mais do que uma mera história de vampiros à moda de Crepúsculo (2008). Esse filme apenas escancarou-lhe as portas de Hollywood por completo, ou pelo menos lhe permitiu comprar bilhete para outros vôos bem mais elevados, já que este O Espião Que Sabia Demais não é exatamente um produto da velha Hollywood. Acima de tudo, Alfredson teve aqui a primeira oportunidade de trabalhar com um elenco de atores do mais alto gabarito, a primeira grande oportunidade de fazer cinema da mais elevada qualidade. E os resultados estão à vista de todos. Pois apesar de não ser um filme extremamente entusiasmante e de cortar a respiração, O Espião Que Sabia Demais é a perfeita encarnação do cinema sutil e cheio de classe, deliciando aqueles que acham que cinema minimalista é a melhor coisa do mundo. Se estiverem à espera de ver uma trama de espionagem cheia de adrenalina e perseguições entre agentes secretos, decerto sairão tremendamente desiludidos da sala de cinema. Mas se estiverem dispostos a assistir a um enredo soturno e inteligente à boa maneira de Poirot e dos antigos Sherlock Holmes, então esta obra poderá deixar-vos em estado de êxtase.


Quando uma missão secreta em Budapeste deixa o agente Jim Prideaux (Mark Strong) às portas da morte, o MI6 entra em fervor. Cabeças têm de rolar para que as relações diplomáticas entre o Reino Unido e a União Soviética não sofram um colapso instantâneo. Alguém tem de pagar a fatura para amenizar os estragos causados. E quem acaba pagando são dois dos agentes mais notáveis da instituição: Control (John Hurt) – o cérebro por detrás da operação – e George Smiley (o fabuloso Gary Oldman) – um agente experiente que acaba acatando a punição sem nada protestar.


Forçado a se aposentar mais cedo do que esperava, Smiley mergulha num estado de melancolia perturbador, caminhando silenciosamente pelas ruas, nadando rotineiramente em uma piscina e vendo televisão no seu sofá de eterna solidão. Porém, o ministro do tesouro britânico Oliver Lacon (Simon McBurney) chama-o de volta para investigar uma dor de cabeça bem antiga. Control havia deixado a terrível ideia no ar, e Lacon parece concordar com ela, de que haveria uma toupeira (um agente duplo) no seio do MI6, que há muito enviava informações sigilosas a membros do governo e do exército soviéticos. Percy Alleline (Toby Jones), Toby Esterhase (David Dencik), Roy Bland (Ciarán Hinds) e Bill Haydon (Colin Firth) são os principais suspeitos. E Smiley terá de descobrir qual deles é o grande traidor, antes que seja tarde demais para repor a ordem naquela que foi já uma instituição de grande prestígio da coroa britânica.


Baseado na obra de John le Carré, O Espião Que Sabia Demais foi feito pensando nos fãs do cinema noir e do classicismo artístico. Por vezes quase parece que estamos vendo um filme da era dourada de Hollywood, tal é a sua essência clássica. Tal como havia feito em Deixe Ela Entrar, Alfredson volta a filmar com uma tranquilidade quase irritante, não hesitando em brindar o espectador com sequências que levam o seu tempo (talvez um tempo exagerado) a progredir no espaço narrativo, e momentos de extrema soturnidade. Uma coisa é certa: este não é o filme ideal para ver na última sessão da noite. Pode se dizer que este é um filme pesado, tal é a melancolia que o persegue e a lentidão com que as cenas se sobrepõem. Uns trinta minutos a menos não lhe fariam nada mal. E um recurso menos abusivo aos flashbacks ajudaria a imprimir outro ritmo a uma obra excessivamente marcada pelo negrume e pelo marasmo. As quebras de ritmo em dois ou três momentos da película fazem-se notar com excessiva clareza, levando o espectador menos tolerante ao desespero. Mas esse modo taciturno de contar histórias apenas favorece a personagem principal, chegando mesmo a dar a sensação de estarmos assistindo a tudo como se estivéssemos dentro da cabeça do próprio Smiley.


O elenco está todo de parabéns, mas é Gary Oldman que se destaca com a encarnação de um agente tão astuto quanto desencantado. Oldman pode assim receber o primeiro Oscar da sua carreira, afirmando-se como um concorrente de peso na cerimônia deste ano dos prêmios cinematográficos mais cobiçados do planeta. Outro ponto forte da película encontra-se na brilhante direção de fotografia de Hoyte Van Hoytema. Em suma, O Espião Que Sabia Demais não será o grande filme do ano. Mas será, certamente, um dos mais memoráveis, seja pela estilização da sua trama, ou pelo desempenho de um elenco competentíssimo.


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19 de janeiro de 2012

[PARA REVER] O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN (2001)




Direção: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tatou, Mathiew Katsowitz


Este foi o filme que nos apresentou Audrey Tatou, com seu olhar magnético e cativante. É nela que o filme se apoia e é dela que extraímos a força desta maravilhosa película. Arrisco estar errado e a dizer que foi o primeiro feel good movie do século XXI. Gênero bastante específico que pode ser usado para classificar filmes que “elevam nosso espírito a uma condição de leveza e bom humor”.


O filme é uma fábula parisiense que tem como figura principal Amélie, jovem que vive para tornar o mundo das pessoas que a rodeiam um pouco melhor. Uma figura paladina que, tal como Zorro, ajuda os mais necessitados e pune os injustos. Dito isto parece que estamos falando de um filme de Chuck Norris ou de Charles Bronson… mas não, este filme francês é uma autêntica bomba de boa disposição. Uma comédia romântica, com personagens deliciosos, que fazem de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain uma autêntica iguaria que urge a ser consumida.


Tudo começa no dia da morte da princesa Diana, Amélie descobre uma pequena caixa com recordações de infância esquecida pelo antigo morador de seu apartamento, no bairro boêmio de Montmartre. Amélie inicia, então, uma busca ao dono, e dependendo da sua reação, ela escolherá entre duas opções: ajudar a tornar a vida do próximo um pouco melhor através de pequenas ações, ou no caso do proprietário da caixa ficar indiferente ao material encontrado, continuar a sua vida normalmente como tem feito até então. A partir daqui é uma enxurrada de situações que não deixam o espectador indiferente e só levam a uma reação: sorrir. É uma história que se serve amplamente dos sonhos da personagem principal, que tem uma visão bastante romântica da realidade, para dar continuidade ao roteiro. Por isso devemos nos perguntar, ao ver o mundo pelos olhos de Amélie, não será justo termos, também, uma visão romântica do mesmo?


Os aspectos técnicos do filme são irrepreensíveis. Talvez por isso que este pequeno grande filme tenha ganhado reconhecimento, e tenha recebido cinco nomeações para o Oscar. Os efeitos especiais acrescentam um gosto especial ao filme, sem o sobrecarregar. A montagem e a fotografia estão excelentes ao fragmentar o mundo de Amélie num puzzle lógico e transcendental e, sobretudo, somos servidos por uma trilha sonora altamente contagiante que é como uma segunda protagonista principal do filme, o responsável por essa proeza é Yann Tiersen.


Qual será o fabuloso destino de Amélie Poulain? Provavelmente será ficar na memória de quem vê o filme. Ao assistirmos o filme estamos perante um novo Alice no País das Maravilhas. Sendo o local Paris, sendo Audrey Tatou, a pequena Alice e a Maravilha este pequeno pedaço de milagre cinematográfico. Para ver e a rever sempre!



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17 de janeiro de 2012

O RETORNO DE JOHNNY ENGLISH (2011)



Direção: Oliver Parker
Elenco: Rowan Atkinson, Rosamund Pike, Dominic West


Quando apareceu o primeiro Johnny English (2003) esperava-se uma soprada de ar fresco nos filmes de espionagem. Uma geração que começava a ficar desiludida com as recentes empreitadas de James Bond e com a incapacidade dos serviços secretos da vida real (o primeiro filme foi rodado logo após o 11 de setembro) precisava de um novo herói. Alguém que não caísse no exagero de Austin Powers, mas com um humor requintado e que trouxesse classe ao MI6. A solução seria contratar Mr. Bean, também conhecido como Rowan Atkinson, o homem certo, no momento certo.


Oito anos passaram e era chegada a hora de recuperar a personagem. Do ponto de vista cinematográfico, os espectadores não precisavam deste retorno porque, não só Bond voltou a ser reconhecido como o agente secreto por excelência, como Bean se tornou passado. O dinheiro falou mais e veio o novo capítulo O Retorno de Johnny English. A trama envolve o motivo que afastou English da espionagem e uma conspiração de alto nível para sabotar um acordo entre Inglaterra e a China.


As referências a Bond são gritantes, desde a óbvia participação da bond girl Rosamund Pike, vilã de 007 Um Novo Dia Para Morrer (2002), até à cena de perseguição com carros, como em 007 Quantum of Solace (2008). Até os cenários, que têm tanto em comum com as missões do outro agente, perdem o interesse.


Entre os nomes secundários estão: Gillian Anderson (a Agente Scully de Arquivo-X) como Pegasus, a chefe do MI7; Dominic West, no papel do Agente Simon Ambrose – uma alusão ao bandido de Missão Impossível 2 (2000), como antagonista de English nesta trama; e o não tão conhecido Daniel Kaluuya, como o sempre disponível Agente Tucker.  Destaque, também, para a participação de Pik-Sen Lim, como a “faxineira assassina”, uma velhinha oriental capaz de transformar qualquer objeto – de um aspirador de pó a um taco de golfe – em arma letal para liquidar o protagonista. Infelizmente, todas essas personagens se esforçam para não ofuscar English que, verdade seja dita, não tem o que é preciso para segurar o filme.


O Retorno de Johnny English está carregado com muito humor básico, piadas recorrentes da personagem Mr. Bean, outras ainda repetidas do primeiro filme, algumas usadas até à exaustão. Por fim, faltam aqueles momentos que causam tantas gargalhadas que até se tem vergonha de estar em público, ou mesmo uma música que apeteça cantar em voz alta.



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5 de janeiro de 2012

11-11-11 (2011)



Direção: Darren Lynn Bousman
Elenco: Timothy Gibbs, Michael Landes, Denis Rafter, Wendy Glenn


Se as previsões exploradas no filme 11-11-11 fossem realidade, a data traria uma visitação de seres sobrenaturais com intenção malévola ao mundo material. Depois de vários lançamentos da franquia Jogos Mortais, o roteirista e diretor Darren Lynn Bousman se aventura em 11-11-11, com melhores resultados na elaboração de uma premissa, porém ainda pouco convincente.


O bem sucedido autor Joseph Crone (Timothy Gibbs) é assombrado pelas mortes de sua esposa e filho em um incêndio que queimou sua casa repetido em pesadelos frequentes e cada vez mais convincentes e flashbacks. Suas visitas a um grupo de apoio para pessoas de luto por várias tragédias pessoais pouco faz para aliviar sua depressão e restaurar a sua fé cristã, abalada por sua perda. Um sentido da desgraça iminente pressagiada por visões freqüentes de combinações numéricas do número um, predominantemente a 11:11, também estão atordoando-o. Uma chamada indesejada de seu irmão mais novo Samuel (Michael Landes), que vive em uma cadeira de rodas, com a notícia de que seu pai (Denis Rafter) está morrendo, obriga-o a voltar para a casa da família perto de Barcelona, em 7 de novembro de 2011.


A perda de fé de Joseph é posta em relevo na proximidade de seu pai e irmão, ambos ministros que perderam a maior parte dos seus paroquianos, devido a algumas interpretações não ortodoxas da Bíblia. A preocupação mais imediata, entretanto, é a aparição de figuras fantasmagóricas, sempre às 23:11, do lado de fora de sua casa, capturadas em câmeras de vídeo que monitoram a propriedade. Ameaças de moradores locais, pesquisas na Internet sobre a numerologia do número 11 e visitas a uma livraria oculta, elevam o quociente de sinais sinistros, levando Joseph a temer por sua sanidade.


Dificultada por uma mistura truncado do Cristianismo, crenças ocultas e numerologia, o roteiro de Bousman nunca ganha impulso, devido à sua estrutura episódica, clichês no desenvolvimento do enredo e performances sem emoção. Nenhuma tentativa é feita para explorar melhor a veia profunda da fé cristã na Espanha, uma configuração que é jogada fora com pouca consideração para o potencial visual ou narrativo. Bousman opta por trabalhar tranquilo com um script superaquecido, abusar de cenas pouco iluminadas em tons de azul frio, aproveitando distintamente de um baixo grau de efeitos visuais, ao contrário do que faz a maioria dos filmes de terror, mas evidenciando algumas outras distinções estilísticas.


Rodeado por superstição ou apenas vítima de lenda urbana, o filme 11-11-11 de Bousman é, provavelmente, igualmente monótono como a data que já passou, sem nada acontecer.



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