29 de janeiro de 2012

OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES (2011)



Direção: David Fincher
Elenco: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Robin Wright


David Fincher tem uma notória predileção pelos thrillers pesados, chocantes e violentos capazes de deixar qualquer um de cabelos em pé. Depois de Seven (1995) e Zodíaco (2007), eis que o cineasta norte-americano nos leva por uma nova incursão ao arrepiante e desconcertante submundo do crime, todo ele um reflexo daquilo que a sociedade humana tem de mais podre e deplorável. Agora, Fincher serve-se do famoso best-seller de Stieg Larsson para dar seguimento a essa sua visão do mundo decididamente fria, cinzenta e até mesmo trágica.


Mais do que um remake (o próprio diretor recusou peremptoriamente essa classificação), Os Homens que Não Amavam as Mulheres é uma versão alternativa dos escritos de Larsson, não desdenhando, apesar de tudo, a herança deixada pelos filmes originais suecos. Esses filmes encabeçados por uma Noomi Rapace em ascensão meteórica eram já suficientemente louváveis para figurarem na História do cinema por conta própria. Assim sendo, houve desde logo quem olhasse com desconfiança para esta versão norte-americana (o que é bastante compreensível, dada a torrente de remakes absurdos e estapafúrdios que tem contaminado as salas de cinema internacionais nos últimos anos). Todavia, o simples nome de David Fincher trouxe alguma credibilidade ao projeto, não denegrindo a imagem da franquia sueca e contribuindo até para a expansão do fenômeno Millennium. Se esta nova versão do primeiro tomo da trilogia de Larsson é melhor ou pior que o original sueco, isso ficará ao juízo de cada espectador. O que se pode assegurar sem margem para dúvidas é que o Os Homens que Não Amavam as Mulheres de Fincher cumpre com quase tudo aquilo que prometia, oferecendo-nos duas horas e meia de investigações policiais alucinantes e personagens que ficarão conosco durante algum tempo.


Depois de ver a sua vida profissional andar para trás com um processo de difamação do qual saiu derrotado, Mikael Blomkvist (Daniel Craig) demite-se da revista Millennium onde trabalhava como jornalista e embarca numa viagem até o norte da Suécia para se reunir com Henrik Vanger (Christopher Plummer), um empresário reformado que decide recorrer aos serviços de Mikael para investigar o desaparecimento de uma jovem de sua família. A princípio, o jornalista mostra-se reservado e com pouca vontade de aceitar a proposta de Henrik. Mas quando este lhe promete a cabeça de Wennerström (Ulf Friberg) – o homem que o processou por difamação –, Mikael sabe de imediato que não tem escolha senão fazer tudo o que Henrik quiser. Assim começa um processo de investigação às escondidas, que leva Mikael a tomar conhecimento de todos os podres de uma família de empresários verdadeiramente difíceis de aturar. Cada vez mais perdido numa investigação que parece não ter solução possível, Mikael decide então contatar a problemática e determinada Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma hacker com dificuldades de integração social que prova ser uma aliada valiosíssima logo nos primeiros dias de colaboração. Motivada para deter um assassino de mulheres, Lisbeth dá tudo de si para resolver este autêntico quebra-cabeça, ao mesmo tempo em que começa a desenvolver uma relação de intimidade com o seu parceiro de pesquisa. Mas à medida que o tempo passa, tanto Mikael como Lisbeth vêem as suas vidas seriamente ameaçadas, já que o assassino se encontra mais próximo do que poderiam imaginar. E a perversão deste serial-killer parece não ter limites, o que torna tudo ainda mais eletrizante…


Tenho de confessar que estava à espera de algo mais chocante e escabroso, apesar de não estarmos perante uma obra para todos os públicos. É certo que há aqui dois ou três momentos verdadeiramente arrepiantes, podendo desde já adiantar que o público feminino terá grandes probabilidades de sair abalado da sala de cinema. Mas isso já seria de esperar num filme que tem como título em português Os Homens que Odeiam as Mulheres. Por todos os rumores que haviam circulado e até pelos pôsteres que foram sendo lançados, esperava-se que este Os Homens que Não Amavam as Mulheres fosse um dos filmes mais intensos e perturbadores dos últimos anos, até pela marca Fincher que lhe estava associada. Porém, a verdade é que, fora dez ou quinze minutos de violações e abusos sexuais, esta obra acaba desabrochando como um thriller policial perfeitamente casual. Não necessariamente convencional, mas longe de ser a grande “bomba” que se chegou a imaginar, o que não abona muito a seu favor. O dedo preciso de Fincher mostra-se de forma bastante clara. Como fabuloso contador de histórias que é, o cineasta norte-americano prende a atenção do espectador por inteiro, levando-o a esperar sempre mais de um enredo que nem parece ter quase três horas de duração. As duas horas e meia passam voando, e isso é de grande valor. Mas o roteiro de Steven Zaillian torna-se por vezes confuso e enrolado. A sensação com que ficamos é que sem Rooney Mara e a sua fantástica Lisbeth Salander, Os Homens que Não Amavam as Mulheres não seria mais que um thriller quase vulgar. De fato, e de forma quase improvável, é Mara quem rouba o espetáculo quase que completamente, deixando para segundo plano atores como Daniel Craig e Stellan Skarsgard, com a sua interpretação felina e visceral da hacker mais anti-social de todos os tempos.


Em suma, vale a pena assistir essa película pelo estilo visual de Fincher, a intensidade interpretativa de Mara e a trilha-sonora invulgar da dupla Trent Reznor e Atticus Ross. Sem esquecer uma fabulosa sequência de créditos iniciais, ao som de Led Zeppelin, que fará com que os espectadores que cheguem cinco minutos atrasados batam com a cabeça na parede durante um bom número de horas.



 

TRAILER:


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