29 de janeiro de 2012

CISNE NEGRO (2010)






Direção: Darren Aronofsky
Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder



Depois do magnífico O Lutador (2008) – que devolveu Mickey Rourke ao seu habitat natural e que foi ligeiramente ignorado pelas várias cerimônias de prêmios de cinema –, Darren Aronofsky regressa às luzes da ribalta com um filme que aborda o clássico “O Lago dos Cisnes” de uma forma muito peculiar. Apesar de possuir apenas cinco longas-metragens (com este Cisne Negro já incluído) no currículo, Aronofsky tem-se afirmado como um daqueles diretores que depressa carimba a Sétima Arte com uma forma de contar histórias muito própria e simplesmente avassaladora. A cada filme que passa, o modo de filmar deste jovem e genial realizador nova-iorquino transforma-se numa marca registrada. Uma marca repleta de brilhantismo, criatividade artística, arrojo visual e sublime intensidade narrativa. De certa forma, Cisne Negro é uma espécie de versão feminina de O Lutador. As semelhanças são muitas, e se O Lutador era uma obra absolutamente brilhante a todos os níveis… este Cisne Negro é uma autêntica obra-prima do cinema contemporâneo, ficando-lhe assegurado um lugar muito especial na História das artes audiovisuais.


Estamos na presença de um dos filmes mais perturbadores, intensos e mesmo chocantes das últimas temporadas cinematográficas. Por detrás do véu de graciosidade e do requinte musical, o filme está repleto de negrume, de figuras assustadoras e de tragédia. Algo que Aronofsky captou na perfeição, fazendo deste Cisne Negro uma das obras mais arrepiantes e impressionantes de todos os tempos. Correspondendo aos desejos mais ardentes da personagem principal, tudo neste filme é absolutamente perfeito. Desde a encenação das danças carregadas de energia macabra ao retrato sempre angustiante de como a protagonista cai, lenta e desamparadamente, nas malhas da insanidade delirante. O que transforma Cisne Negro numa obra obrigatória, goste-se ou não de ballet.


A história permite-nos acompanhar a vida artística de Nina Sayers (Natalie Portman), uma bailarina repleta de talento e obcecada pela absoluta perfeição. Tecnicamente, não há nenhuma bailarina do corpo de ballet a que pertence que lhe chegue aos pés. Cada movimento dos seus passos de dança é efetuado com brio e absoluto rigor. Porém, a rigidez e a frigidez que marcam a sua personalidade prejudicam-na, não lhe permitindo soltar as verdadeiras emoções no palco. Exageradamente mimada e tratada como uma menina inocente pela mãe controladora (Barbara Hershey), Nina tem dificuldades em potencializar todas as suas qualidades e até a sua vida social sofre com isso. Mas é então que Thomas Leroy (Vincent Cassel) – o diretor artístico do corpo de ballet – dá início a um casting para decidir quem irá interpretar a Rainha dos Cisnes na sua versão d’”O Lago dos Cisnes”. Inesperadamente, Nina é selecionada. Porém, depressa vê a manutenção do seu papel ameaçada quando Lily (Mila Kunis) entra em cena. Enquanto Nina é perfeita para interpretar o papel do Cisne Branco (dócil e deslumbrante), Lily é a imagem imaculada do Cisne Negro (viril e impetuoso). E perante a constante incapacidade de Nina se soltar e assim se revelar capaz de interpretar a face mais negra da Rainha dos Cisnes, Thomas começa a pensar se Lily não será uma melhor escolha para este papel. Algo que dá origem a uma rivalidade entre as duas bailarinas e que leva a doce e inocente Nina Sayers a transformar-se num perverso e luxurioso cisne negro…


Estamos perante uma obra que ficará na memória dos espectadores por muitos e bons anos. Uma obra repleta de estrondosas sonoridades que nos arrepiam e fabulosas imagens que nos trazem as lágrimas aos olhos. A realização de Aronofsky é absolutamente irrepreensível, mergulhando-nos num mundo de delirante tragédia com uma destreza e um brilhantismo apenas ao alcance dos maiores gênios da Sétima Arte. Ao mesmo tempo em que faz uma reflexão sobre as consequências de um mundo cada vez mais competitivo e das neuroses obsessivas que dele podem provir, Cisne Negro não vira as costas ao gênero fantástico, brindando o espectador com algo de verdadeiramente único. Se o primeiro ato do filme pode vir a aborrecer quem não for fã de um cinema que gosta de aprofundar o comportamento das suas personagens… o segundo ato deixa-nos completamente paralisados com uma intensidade (dramática e narrativa) que nos cola à cadeira. E tudo isto é obra de Aronofsky, que não tem medo de arriscar e de almejar resultados finais ímpares na cinematografia mundial.


Natalie Portman está também de parabéns, pois a sua interpretação da delirante e desesperada Nina Sayers ultrapassa tudo aquilo que se poderia esperar, oferecendo-nos momentos que dificilmente conseguiremos esquecer. Cisne Negro é um autêntico prodígio cinematográfico, cativante do início até ao fim e deslumbrante a todos os níveis possíveis e imaginários. Em minha opinião, deixa A Rede Social e A Origem – outros grandes filmes de 2010 – a milhas de distância. Mas isso também não importa. Porque, isto sim, é cinema em todo o seu esplendor! E não seria uma estátua dourada que lhe acrescentaria ou retiraria qualquer mérito.





TRAILER:


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